O jogo no Maracanã apenas confirmou: o Inter enfrenta limitações sérias, dentro de campo e no orçamento.

Todo jogo de futebol pode ser visto por dois pontos de vista. Primeiro, aquele da partida em si — como ela se desenrolou, os acertos e falhas, coletivas ou individuais, resultado e tudo mais. A segunda maneira, também necessária, é a do contexto: como vinha a equipe em uma sequência e o que representa, neste caso, ao Inter.
O jogo contra o Fluminense foi ruim, por ambos os times. Caso tivesse vencido no Beira-Rio, estaríamos falando que o Colorado conseguiu jogar com o regulamento. Mas o contexto era de derrota em casa e necessidade de vencer no Maracanã. Com isso, a eliminação, mais um jogo ruim, somado aos últimos resultados, nos leva à dura conclusão: o Inter tem limitações gritantes no seu elenco.
A falta de um primeiro volante reserva é tão óbvia que nem precisa de um parágrafo de análises e explicações. Mas é ainda mais preocupante quando o rendimento de alguns dos principais jogadores — como Borré, Enner, Thiago Maia e Alan Patrick — é ruim. Soma-se a isso a lesão do atual melhor jogador, Carbonero, e os desafios, já difíceis, tornam-se quase impossíveis.
O Inter contratou Juninho, Kaíque, Diego Rosa, Ramon, Ronaldo, Óscar Romero, Vitinho, Carbonero e, recentemente, Alan Benítez, Richard e Alan Rodríguez. Onze nomes, quase nenhum de empolgar — e todos com uma coisa em comum: custaram pouco, seja pelos direitos ou pela negociação direta, já que estavam em fim ou sem contrato. Esta é a realidade, e ela se reflete no campo. Não precisa muito debate.
Muitos jogadores chegaram, já saíram ou não estão sendo aproveitados. Carbonero foi uma boa — sejamos justos. É cedo para sacramentar sobre os recém-chegados, mas sem grana, a esperança sobre eles é pequena. Isso quando as dificuldades financeiras não atrasam o desfecho de uma negociação — Rodríguez deveria ter ficado à disposição para a Copa do Brasil. Faltaram garantias, e ele não foi inscrito a tempo.
A constatação vem depois de muitos jogos com enormes dificuldades, o fato de Roger dar bastante responsabilidade de fracassos como o de ontem aos atletas, e o reconhecimento do vice de futebol, José Olavo Bisol, de que o nível de mercado está longe dos principais do país. Mesmo assim, sem muita convicção, afirmou que sempre tem esperanças altas com o Inter.
A sequência de quedas — já são 13 eliminações em mata-matas nesta gestão — não significa que o Inter não possa (ou não deva) jogar mais. Nem que esteja eliminado contra o Flamengo na Libertadores. O que fazer? Caminhar sobre o fio da navalha que separa a ilusão e da resignação e conformismo. Sem se cortar: esse é o desafio.