
A bateria de indicadores econômicos está agitada nesta semana, com destaques para a inflação ao consumidor do Brasil e dos EUA, que serão divulgadas na próxima terça-feira, 12. A expectativa é de que o IPCA continue acima do limite superior de 1,5 ponto percentual da meta de 3% ao ano. A projeção de economistas da Warren é de alta de 0,36% na base mensal — 12 pontos-base acima do índice verificado em junho. No acumulado em 12 meses, a estimativa é de avanço de 5,33%.
Esses dados devem reforçar a mensagem do Banco Central do Brasil de que houve uma interrupção na alta da taxa Selic, e não uma pausa, segundo o diretor de Política Monetária, Nilton David, até que o IPCA se encaminhe para o centro da meta de inflação. A principal preocupação do Comitê de Política Monetária (Copom) é a desancoragem das expectativas de inflação, que cedem lentamente, de acordo com o Boletim Focus — especialmente pelas incertezas fiscais.
“Mesmo com o recuo da taxa de câmbio e a moderação do crescimento econômico, o Copom está atento ao dinamismo do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego na mínima histórica, especialmente no setor de serviços, cujas contratações têm repasse para a inflação e pressionam para cima o IPCA”, comenta o analista da Investing.com, Leandro Manzoni.
Com isso, os investidores ficarão atentos aos números de junho das vendas no varejo e do setor de serviços, que serão divulgados, respectivamente, na quarta-feira, 13, e na quinta-feira, 14.
INFLAÇÃO NOS EUA
As projeções para a inflação ao consumidor nos EUA são mistas. A expectativa é de desaceleração no índice cheio, na base mensal, de 0,3% para 0,2%, mas de alta de 2,7% para 2,8% na base anual. Já as estimativas do núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, apontam aceleração de 0,2% para 0,3% na base mensal, e de 2,9% para 3% no acumulado de 12 meses, afastando-se da meta de 2% ao ano do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).
“Os dados dos EUA devem corroborar a conduta de “esperar para ver” do chair Jerome Powell para os próximos passos da política monetária, até porque as tarifas ainda não tiveram efeito total sobre o nível de preços da economia americana. Os números de julho devem dar mais algum sinal, embora seja importante lembrar que as taxas recíprocas subiram de 10% para, ao menos, 15% entre os principais parceiros comerciais, além das tarifas punitivas a alguns países, como Índia e Brasil, que chegam a 50%”, comenta Manzoni.
A revisão dos números de geração de emprego em maio e junho, somada ao resultado de julho abaixo do esperado, surtiu efeito nos discursos dos membros do Fed com postura mais hawkish. Embora as autoridades não tenham cravado uma redução dos juros na próxima reunião em setembro — como o mercado projeta, de acordo com a CME Watch —, alguns já começam a considerar a possibilidade.
Mais integrantes do Fed discursam ao longo da próxima semana. Também terão destaque no período: balanço orçamentário de julho, produção industrial, vendas no varejo e prévia de agosto da Confiança do Consumidor da Universidade de Michigan, nos EUA; o Produto Interno Bruto do segundo trimestre na Zona do Euro e Japão; enquanto na China tem a produção industrial, vendas no varejo e preços dos imóveis de julho.
Na agenda corporativa, a temporada de balanços do segundo trimestre das empresas listadas na B3 continua. Os destaques da semana são Sabesp, Natura, BTG Pactual, Banco do Brasil, MRV, BRF, Nubank, Azul e Gol.