
Os dados mais recentes do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostram que, após a aceleração registrada em setembro, a inflação registrou recuo expressivo em outubro, ainda que de forma distinta entre os grupos. Entre as famílias de renda muito baixa, a inflação passou de uma alta de 0,59% em setembro para uma leve deflação de 0,03% em outubro, possibilitada não só pela continuidade da queda dos preços dos alimentos no domicílio, mas também pelo recuo do grupo habitação.
Já para as famílias de renda alta, a desaceleração ocorreu de modo mais suave, uma vez que após registrar taxa de 0,35% em setembro, a inflação recuou para 0,22% em outubro. Neste caso, nota-se que a descompressão inflacionária menos intensa reflete não apenas uma contribuição negativa menor vinda da queda dos alimentos e da energia elétrica – dado o peso destes itens nas suas cestas de consumo –, mas também as altas dos combustíveis, das passagens aéreas e dos serviços pessoais ocorridas em outubro.
Apesar do resultado mais favorável de outubro, no acumulado do ano, as maiores variações continuam concentradas nas faixas de renda baixa (3,89%) e muito baixa (3,84%), enquanto o menor aumento aparece na classe de renda alta (3,16%). Essa configuração, no entanto, não se mantém no horizonte de doze meses, tendo em vista que a inflação é mais elevada entre as famílias de renda média-alta (4,78%) e renda alta (4,96%), ao passo que as famílias de renda muito baixa registram variação de 4,43%, reforçando como diferentes padrões de consumo modulam a intensidade com que os choques de preços atingem cada grupo social.
