
Em um ano conturbado, com tarifaço dos Estados Unidos e estabilidade no mercado doméstico para calçados – com queda a partir do segundo semestre -, a indústria calçadista brasileira deve encerrar 2025 com uma produção de mais de 930 milhões de pares. A projeção é da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e representa praticamente o mesmo número de 2024 (929 milhões de pares).
Além do desaquecimento no mercado interno, problema acentuado pelo aumento das importações de calçados durante o ano (+21% até novembro, em relação ao mesmo período de 2024, em volume), o setor sentiu, ao longo de 2025, os problemas relacionados às exportações. Com suas exportações caindo para os Estados Unidos, o seu principal destino internacional, a indústria calçadista deve encerrar o ano com estabilidade em relação aos números de 2024, alcançando 99 milhões de pares embarcados. Até novembro, as exportações totais aumentaram 5%, devido à “gordura” criada durante o primeiro semestre. “Devemos encerrar 2025 com apenas 9% da nossa produção exportada, pior índice da série histórica”, avalia o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
Segundo o dirigente, outra dificuldade encontrada com as exportações foi relativa à “invasão chinesa” em mercados importantes para o calçado brasileiro no exterior e, inclusive, no Brasil. “Evidentemente que a China não ficaria sem exportar. Ao ter aplicado tarifaço nos Estados Unidos, os exportadores chineses passaram a desovar a sua produção para mercados alternativos, em especial para países da América Latina, causando um desequilíbrio concorrencial nesses mercados”, explica Ferreira.
Com o nível de produção estável, o setor calçadista deve encerrar 2025 com estabilidade no estoque de emprego. O dado mais recente, elaborado pela Abicalçados, indica que a indústria encerrou outubro empregando 294,2 mil pessoas (-0,6% em relação ao mesmo período de 2024).