Os preços da indústria nacional registraram queda de 1,29% em maio frente a abril (-0,12%), quarta taxa negativa consecutiva após uma série de 12 resultados positivos em sequência, entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025. O resultado de maio representa a variação mais intensa de 2025, e o maior recuo desde junho de 2023 (-2,72%). O Índice de Preços ao Produtor (IPP), assim, apresentou alta de 5,78% em 12 meses e o acumulado no ano ficou em -1,97%, segunda maior retração acumulada nos cinco primeiros meses do ano na série histórica da pesquisa, atrás apenas de maio de 2023 (-3,84%). Em maio de 2024, a variação mensal foi de 0,36%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 4, pelo IBGE.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas. Em maio de 2025, 17 das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram variações negativas de preço quando comparadas ao mês anterior, acompanhando a variação do índice na indústria geral. Em abril deste ano, oito atividades haviam apresentado menores preços médios em relação a março.
“O IPP em maio mostrou uma tendência de queda espalhada por boa parte da indústria. Dois pontos principais ajudam a explicar esse resultado: o primeiro é a diminuição dos preços de diversas commodities no mês, o que acaba reduzindo o custo de produção em toda a sua cadeia e impacta os preços em vários setores. O segundo é a nova queda do dólar frente ao real, que em maio foi de 2,0%, acumulando recuo de 7,1% em 2025, o que também acaba reduzindo os custos em alguns setores e diminui, de forma direta, o preço daqueles produtos que são comercializados em dólar. Isso também ajuda a explicar os resultados negativos dos últimos meses”, destaca Murilo Alvim, gerente do IPP.
INFLUÊNCIA
As atividades industriais responsáveis pelas maiores influências no resultado de maio foram alimentos (0,34 ponto percentual), refino de petróleo e biocombustíveis (-0,28 ponto percentual), outros produtos químicos (-0,26 ponto percentual) e metalurgia (-0,23 ponto percentual.). Em termos de variação, impressão (4,36%), metalurgia (-3,46%), outros produtos químicos (-3,11%) e indústrias extrativas (-3,03%) foram os destaques em maio.
O setor de alimentos (-1,33%) voltou a mostrar variação negativa, depois de avançar 1,52% na passagem de março para abril (único resultado positivo em 2025). Dessa forma, o acumulado no ano está em -2,81%. Em maio de 2025, os preços estavam 10,99% mais altos do que os de maio de 2024, o menor resultado desde outubro de 2024 (10,81%). O resultado de maio deste ano, no acumulado em 12 meses, significou a terceira maior variação registrada dentre os 24 setores industriais analisados. Nesse mesmo universo, a variação de alimentos foi a primeira colocada no ranking de maiores influências na variação mensal (-0,34 ponto percentual), no acumulado no ano (-0,72 ponto percentual) e no acumulado em 12 meses (2,67 ponto percentual).
“O resultado de alimentos foi puxado para baixo por conta da redução dos preços de commodities como a cana de açúcar e a soja, ambas em período de safra, o que aumenta a oferta desses produtos. Com redução dos custos pelo menor valor da cana, os preços dos açúcares caíram, em especial o açúcar VHP, que é um produto exportável e foi impactado pela queda do dólar, fazendo com que o grupo de fabricação e refino de açúcar tivesse uma queda de 4,68% no mês. Os derivados da soja também reduziram seus preços em maio, provocando o recuo do grupo de fabricação de óleos e gorduras vegetais (-3,05%) no mês”, explica Murilo.
De abril para maio de 2025, refino de petróleo e biocombustíveis (-2,77%) teve a segunda maior influência (-0,28 ponto percentual) no desempenho negativo da indústria, dentre todas as atividades pesquisadas. Trata-se do terceiro mês seguido em queda, apesar de menor intensidade na comparação com abril (-3,38%). Já o acumulado em 12 meses (0,68%), apesar de positivo, foi o menor desde dezembro de 2024 (1,47%), quando houve a primeira taxa positiva depois de três negativas entre setembro e novembro. O resultado de maio colocou o setor, dentre os 24 observados pelo IPP, com a segunda influência mais intensa no indicador mensal (-0,28 ponto percentual em -1,29%), e a quarta no acumulado no ano (-0,30 ponto percentual em -1,97%).
VARIAÇÃO NEGATIVA
Segmento com o terceiro maior peso no cálculo do IPP, outros produtos químicos (-3,11%) intensificou a perda de ritmo verificada em abril (-0,61%). Foi a segunda maior variação negativa em maio, dentre todos os setores pesquisados, contribuindo com -0,26 ponto percentual da taxa de -1,29% da indústria geral. Nos indicadores acumulados no ano (0,34%) e nos últimos 12 meses (9,36%), porém, as taxas permaneceram positivas.
“Nos casos de refino e biocombustíveis e de outros produtos químicos, o petróleo tem apresentado queda de preços e ajuda explicar alguns resultados, acompanhando a cotação no mercado internacional e impactando toda a sua cadeia. A retração de refino de petróleo e biocombustíveis foi puxada pelos menores preços de alguns derivados do petróleo, com destaque para o óleo diesel, os óleos combustíveis e a nafta. Já no setor químico, grande parte da influência veio de derivados do petróleo, como os petroquímicos, especialmente o propeno não saturado, e as resinas termoplásticas, sobretudo o polipropileno”, observa Murilo.
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada na passagem de abril para maio de 2025 repercutiu da seguinte forma: -0,02% de variação em bens de capital (BK); -2,37% em bens intermediários (BI); e 0,00% em bens de consumo (BC), sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis (BCD) foi de 0,35%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) foi de -0,07%.
Os bens intermediários (-1,29 ponto percentual) foram os que mais influenciaram o IPP em maio. Segundo o gerente da pesquisa, eles “costumam ser a grande categoria econômica que mais sofre impacto do dólar, pois muitos preços de commodities, a maioria bens intermediários, são cotados em dólar nas bolsas internacionais e têm sido impactados pela queda recente do câmbio”.