Os indicadores de inadimplência de pessoas físicas e jurídicas apresentaram comportamentos distintos no Rio Grande do Sul em junho de 2025, conforme os dados da Equifax | Boa Vista analisados pela CDL POA. Enquanto o percentual de empresas inadimplentes teve leve queda tanto no Estado quanto em Porto Alegre, a inadimplência entre consumidores voltou a subir na capital, renovando o recorde histórico. Segundo estimativas baseadas no Censo 2022, há hoje 2,965 milhões de CPFs negativados no Rio Grande do Sul e 380.094 em Porto Alegre. Entre os CNPJs, os números chegam a 226.647 e 37.821, respectivamente.
No caso das pessoas físicas, o percentual de adultos com alguma restrição em crédito, cheque ou protesto caiu para 34,58% no Estado, ou seja, redução de 0,2 ponto percentual em relação a maio — a primeira após 11 aumentos consecutivos. Já em Porto Alegre, o índice avançou novamente (+0,15 ponto percentual), atingindo 35,36%.
“Apesar da queda no indicador estadual, o nível de inadimplência segue elevado quando comparado aos anos anteriores. Isso reflete o impacto da alta dos juros e da perda do poder de compra das famílias, sobretudo das camadas mais vulneráveis”, avalia Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA.
Ele destaca que, segundo o Banco Central, R$ 27,30 de cada R$ 100 gastos pelos brasileiros em abril foram destinados ao pagamento de juros e amortizações das dívidas — o segundo maior patamar para o respectivo período em 20 anos. “Esse fardo financeiro impõe restrições importantes ao orçamento doméstico. Além disso, o Rio Grande do Sul apresentou o pior desempenho do Índice do Banco Central (IBC) de atividade econômica no primeiro quadrimestre de 2025, com recuo de -1,4% ante 2024”, complementa.
Entre as empresas, o percentual de pessoas jurídicas negativadas caiu de 14,94% para 14,92% no Rio Grande do Sul e de 15,51% para 15,47% em Porto Alegre. O recuo interrompe uma sequência de cinco crescimentos mensais consecutivos na Capital, mas os níveis ainda estão próximos dos maiores já registrados desde o início da série histórica, em 2022.
“O cenário macroeconômico continua desafiador para os empreendedores: custo do crédito elevado, incertezas fiscais e externas, além dos efeitos ainda presentes das enchentes de 2024, principalmente para os pequenos negócios”, pontua Frank. Ele também alerta para as recentes medidas protecionistas dos Estados Unidos direcionadas ao Brasil e de possíveis retaliações que, caso venham a se confirmar, devem impactar a competitividade e os custos de produção de diversos setores.