Governadores da oposição devem se reunir na tarde desta quinta-feira (7) na casa do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para discutir o tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os produtos brasileiros. A ideia é unificar o discurso da direita diante dos últimos acontecimentos políticos do país, como a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo interlocutores ouvidos pelo R7, o objetivo é resolver a divisão da direita e os posicionamentos divergentes que acabam “fortalecendo” o presidente Lula e o PT. Cerca de 10 governadores devem participar do encontro, que deve costurar algumas parcerias para 2026.
Questionado pela reportagem, Ibaneis Rocha confirmou que “todos os governadores de centro-direita” estavam convidados.
O encontro está marcado para às 16h. Até o momento, o R7 conseguiu confirmar a presença de dois governadores: o do Paraná, Ratinho Jr (PSD), e de Mato Grosso, Mauro Mendes (União).
Há expectativa também da presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro. Procurados pela reportagem, no entanto, as assessorias não confirmaram as presenças dos chefes do Executivo estadual. Nas agendas oficiais dos governadores, até às 10h, o encontro ainda não era informado.
Tarifaço
Na quarta-feira (30) da semana passada, Trump oficializou a tarifa de 50% a produtos brasileiros, anunciada por ele no início de julho. A ordem executiva assinada pelo norte-americano, no entanto, tem 694 itens na lista de exceções — ou seja, produtos que ficarão de fora da taxa. Entre os itens que não receberão a tarifa, estão suco de laranja, aviões comerciais, combustíveis, petróleo e minério de ferro.
Commodities brasileiras com grande fluxo comercial para os Estados Unidos, como carne bovina, café e cacau, não foram incluídas nas exceções e serão taxadas em 50%. A tarifa, segundo Trump, é uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas americanas e à forma como o país tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao anunciar a medida, Trump afirmou que “a forma como o Brasil trata o ex-presidente Bolsonaro é uma vergonha internacional”. Para o líder norte-americano, o julgamento e as investigações que envolvem o ex-presidente brasileiro configurariam uma “caça às bruxas” e deveriam “terminar imediatamente”.
Prisão domiciliar
O ministro Alexandre de Moraes determinou, na última segunda-feira (4), a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, diante de repetidas violações das determinações judiciais impostas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O ministro aplicou medidas mais severas.
A decisão aponta conduta “deliberada e consciente” do ex-presidente para obstruir investigações, coagir autoridades e desrespeitar a Justiça.
Entre as novas restrições estão o veto total a visitas — exceto advogados constituídos —, proibição de celulares, gravações e qualquer forma de comunicação com embaixadores ou demais investigados.
Moraes reiterou que qualquer nova violação resultará no decreto imediato da prisão preventiva, conforme prevê o Código de Processo Penal.
O processo em curso, PET 14129, investiga crimes como coação no andamento de processos, obstrução de investigações sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Fonte: R7