
A demanda por FTTH (do inglês, Fiber to the Home) está impulsionando o mercado de banda larga fixa da América Latina. É o que aponta o estudo The State of Business in Latin America, da consultoria Omdia, que apresentado durante a 30ª edição do Futurecom, maior plataforma de conectividade, tecnologia e inovação da América Latina. O Brasil é um dos países que mais cresceram em FTTH no segundo trimestre de 2025, com a adição de 3,5 milhões de conexões de banda larga por fibra, totalizando 49,3% de presença nos domicílios brasileiros.
O crescimento do país ficou atrás apenas da China, Índia e EUA – e foi quase 1 milhão acima do México, que, no período, implementou a tecnologia em 2,6 milhões de domicílios. Globalmente, apenas Brasil, México e Argentina figuram na lista dos Top 15 países com mais investimentos em fibra. A FTTH, conexão de internet que utiliza fibra ótica diretamente na residência do usuário, vem crescendo pela necessidade de velocidades muito mais altas e maior estabilidade de conexão, essenciais para o suporte de novos serviços digitais e tecnologias como a IoT. O levantamento da Omdia, em parceria com o Futurecom, revela que a conectividade continua sendo o principal negócio das operadoras de telecomunicações, embora a receita cresça lentamente.
“A receita das empresas de Telecom está crescendo de maneira moderada, menos acentuada do que no passado, o que significa que o setor passa por um momento de transformação em que precisa se preparar para dar um salto de crescimento”, pontua Ari Lopes, gerente sênior de Service Providers Americas da Omdia.
Com receita de US$ 1,6 trilhão e crescimento anual de 1,9%, o mercado global de telecomunicações vive um momento de reflexão principalmente em função dos fortes investimentos realizados com o 5G nos últimos anos, que ainda não se refletem na receita. “Acreditamos que até 2026 haverá um controle dos gastos porque as empresas que adquiriram licença no leilão de 2021 investiram muito para cumprir o caderno de obrigações impostas pela Anatel. Agora, com o 5G já estabelecido em mais de 1640 cidades no Brasil, é natural que o investimento seja mais comedido. Até para o controle de caixa”, avalia Ari Lopes.
O Brasil responde por US$ 27 bilhões dessa receita, seguido por México, Argentina e Colômbia e é uma exceção na região quando se avalia o crescimento do ARPU (Receita Média por Usuário ou unidade), que na telefonia móvel tem ficado acima da inflação.
5G
O estudo da Omdia revela que o avanço do 5G na América Latina ainda é desigual e abaixo da maioria das regiões em termos de taxas de penetração. Um dos motivos é a implantação descoordenada da tecnologia, que ainda está concentrada em poucos países. O Brasil e o México, por exemplo, detinham 79% das conexões 5G no 1º trimestre de 2025, embora os dois países juntos possuam 51% do total de conexões móveis. Já Argentina e Colômbia, dois mercados importantes, realizaram leilões de espectro apenas no final de 2023 e ainda estão nos estágios iniciais de implantação do 5G.
A análise sugere, ainda, que operadoras com participação de mercado abaixo de 30% têm maior probabilidade de apresentar margens de EBITDA também abaixo de 30%, sendo que algumas delas têm margens de até 9%. Portanto, não é coincidência que essas operadoras venham enfrentando dificuldades nos últimos anos. A expectativa da Omdia é que as assinaturas móveis da América Latina cheguem a 905 milhões até 2029, o que representa um CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 46,8%, com base em 2024. A consultoria também prevê que o crescimento do 5G chegará a 502 milhões de conexões até 2029.
O estudo também prevê que, somente em 2029, o 5G se tornará a tecnologia líder na América Latina, com 55% do total de conexões. Isso se deve ao amplo sucesso do 4G na região e ao atraso na implementação da tecnologia em alguns mercados-chave. Hoje o Brasil tem 20,6% da população com rede 5G.
“A tecnologia começou a ser implementada praticamente em 2022. Até agora, o exercício foi de construir redes para chegar nos lugares. Por outro lado, os aparelhos também tinham um custo mais alto. Com a chegada dos fabricantes chineses, a tendência é de queda. Esse ano já vimos a Samsumg lançar o primeiro celular abaixo dos R$ 1 mil”, analisa o gerente sênior de Service Providers Americas da Omdia.
(*) o colunista viajou para o cobertura do evento a convite do IEEE