
A necessidade de medidas de proteção ao emprego frente ao impacto da elevação de tarifas para venda de produtos brasileiros aos EUA foi ressaltada nesta terça-feira, 5, em reunião entre o Sistema FIERGS e cerca de 15 federações de trabalhadores, em especial vinculadas aos setores exportadores para o mercado norte-americano. O objetivo do encontro, na sede da entidade, foi estabelecer um canal de diálogo, que se intensificará nas próximas semanas.
O presidente do Sistema FIERGS, Claudio Bier, destacou que o entendimento entre empresários e trabalhadores é essencial para superar o desafio econômico imposto pelo impasse entre Brasil e Estados Unidos. “A participação de todos é fundamental para o fortalecimento do diálogo e para a construção de soluções conjuntas que enfrentem essa crise das tarifas. A unificação de esforços entre empresários e trabalhadores é urgente. Com o consenso, podemos levar propostas aos governos estadual e federal. Essas medidas visam preservar postos de trabalho e evitar demissões”, avaliou.
Coordenador do Conselho das Relações de Trabalho do Sistema FIERGS, Guilherme Scozziero também ressaltou a necessidade da diplomacia para resolver o conflito com os Estados Unidos e minimizar os impactos para empresas e empregados. “Se formos para o confronto, vamos perder. Todo mundo vai perder. Vai perder a indústria, o país, o trabalhador. Vamos trabalhar juntos para encontrar alguma saída”, considerou.
Durante a reunião, os empresários abordaram os principais impactos em setores como o calçadista, o madeireiro e o de alimentação. O Rio Grande do Sul é um dos estados mais afetados pela tarifa americana. Os setores mais expostos ao mercado americano empregam cerca de 140 mil pessoas e, aproximadamente, 20 mil postos de trabalho estão diretamente ameaçados. Os representantes dos trabalhadores também demonstraram preocupação com o cenário e reforçaram que a união é necessária.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS), Amarildo Cenci, entregou à FIERGS um documento elaborado em conjunto pelas federações. A carta manifesta preocupação com os empregos e defende a produção nacional. “A proteção dos setores econômicos e dos trabalhadores é essencial. Estamos interessados em fazer parte dessa discussão que olha para a economia e para os postos de trabalho”, disse.
O diretor da Força Sindical do RS, Claudio Correa, ponderou que é preciso separar as relações políticas do trabalho a fim de encontrar uma solução para o problema. “As empresas precisam se manter funcionando para que possam manter os empregos. Podemos construir juntos um projeto para que possamos superar este momento difícil. Nós já vencemos a pandemia e as enchentes. Vamos encontrar uma saída no diálogo”, afirmou.
A exemplo da FIERGS, as federações de trabalhadores também formarão um comitê de crise. Esse colegiado irá elaborar uma pauta comum com sugestões focadas na manutenção do emprego. Uma nova reunião com a FIERGS deve ser realizada nas próximas semanas para tratar do tema.