
Fortalecimento da indústria, atração de novos negócios e geração de empregos são alguns dos pontos que refletem a importância de investimentos bilionários no Rio Grande do Sul – tema central da segunda edição do INDX. Promovido pelo Sistema FIERGS nesta terça-feira, 22, o evento contou com palestras do diretor-geral de celulose da CMPC no Brasil, Antonio Lacerda, e do presidente da Cotrijal, Nei César Manica. O encontro também marcou a comemoração de um ano de gestão do presidente Claudio Bier e teve como convidados lideranças do setor industrial, autoridades governamentais, empresários e representantes de sindicatos.
Os palestrantes detalharam os investimentos que a CMPC e as cooperativas Cotrijal, Cotripal e Cotrisal estão realizando. Bier destacou que ambos possuem trajetórias que demonstram o poder da união entre indústria, agronegócio e cooperação para o desenvolvimento do estado. “Quando gigantes se movimentam, todos ganhamos. Isso fortalece a indústria local, atrai novos negócios, cria empregos, fomenta parcerias e contribui para a arrecadação de impostos. Este evento é um espaço de ideias e inspiração para construirmos juntos um Rio Grande do Sul ainda mais forte, inovador e conectado com as demandas da sociedade”, ressaltou o presidente do Sistema FIERGS.
Em sua apresentação, Lacerda explicou detalhes sobre o novo projeto Natureza CMPC, que envolve aporte de R$ 27 bilhões – o maior investimento privado da história do Rio Grande do Sul e que teve seu valor reajustado em R$ 3 bilhões desde o anúncio, segundo Lacerda. O projeto está ancorado em quatro pilares de desenvolvimento (silvicultura sustentável, infraestrutura logística, produção industrial avançada e práticas de conservação ambiental e cultural) e prevê a instalação de uma nova unidade industrial em Barra do Ribeiro.
O diretor-geral da CMPC enfatizou que o projeto envolve muito mais do que uma nova fábrica, gerando melhorias também na infraestrutura portuária e rodoviária do RS, além de um importante impacto social e ambiental. A planta terá capacidade anual de 2,5 milhões de toneladas de celulose branqueada de eucalipto, matéria-prima para a fabricação de diferentes tipos de papéis, embalagens e produtos higiênicos. “Quando essa planta estiver operando, teremos de 5 mil a 6 mil novos empregos, e precisaremos treinar essas pessoas. Tudo isso está mapeado para que, a partir do ano que vem, essas pessoas sejam identificadas, formadas e contratadas. A ideia é dobrar a produção e fazer com que a fábrica comece a rodar em meados de 2029”, detalhou.
Para Manica, o projeto da nova indústria tem investimento de R$ 1,25 bilhão, com capacidade para processar 3 mil toneladas de soja por dia (50 mil sacas de soja/dia). A iniciativa deve gerar, posteriormente, 150 empregos diretos e mais de 500 indiretos. “Criamos este projeto para partir para a industrialização da cadeia da soja. Este é o início de uma intercooperação que poderá levar a muitos outros projetos entre as três cooperativas e com as demais. Precisamos recuperar o Rio Grande do Sul com projetos e desafios. Este projeto vai gerar muita renda e retorno para o nosso estado”, apontou o presidente da Cotrijal.
TARIFAS DOS EUA
Durante o evento INDX, o tema da elevação de tarifas pelo governo dos EUA para produtos vendidos pelo Brasil também foi abordado. Bier reforçou a mobilização da entidade para minimizar os impactos da taxação e relatou a reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin, na segunda-feira (21), em Brasília. O presidente do Sistema FIERGS defendeu a manutenção da tarifa atual para exportações brasileiras aos EUA, evitando a entrada em vigor do aumento anunciado, ou, ao menos, a prorrogação por 90 dias do prazo para a implementação das novas tarifas.
Presidente da Cotrijal, Manica também defendeu o diálogo como caminho para resolver o impasse. “Acredito que não deve haver confronto. Há espaço para negociar as tarifas, para que o impacto seja menor”, ponderou.
O diretor-geral da CMPC disse que a fábrica de celulose em Guaíba exporta para os Estados Unidos quase 30% de sua produção. No momento, as fábricas do Chile estão abastecendo o mercado americano. “Assim, os clientes da Ásia serão abastecidos pela fábrica de Guaíba. O impacto, num primeiro momento, é palatável. Mas isso não é sustentável”, explicou Lacerda.