
A maior parte dos ataques cibernéticos bem-sucedidos atualmente procura vulnerabilidades dos alvos e normalmente as encontra em brechas de segurança, seja em sistemas de usuários pessoais ou de grandes organizações e corporações. O alto índice de ataques e invasões com potencial de causar danos é um alerta importante para a necessidade de mais atenção à cibersegurança para salvaguardar as portas de entrada usadas pelos invasores maliciosos.
“A tecnologia é capaz de disruptar modelos, potencializar meios de produção e simplificar tarefas e processos. Contudo, ainda não resolve todos os desafios sozinha, principalmente pela interferência humana, ainda mais quando regida pelo propósito inadequado”, diz o membro sênior do IEEE Euclides Chuma, também pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Para ele, “o aumento dos ataques cibernéticos se associa ao nível de conscientização ainda longe do ideal das pessoas. E, consequentemente, os hackers se aproveitam de usuários finais ou envolvidos naquele modelo que, por desaviso ou má-fé, abrem espaço para o sucesso dessas investidas”. O descuido está normalmente associado à escolha de senhas de acesso a sistemas, redes sociais e demais contas particulares em desacordo com as recomendações de empresas e especialistas em segurança, que estimulam combinações de caracteres que fortaleçam a proteção.
Mais do que simplificar uma invasão, esse uso indevido pode abastecer criminosos de informações pessoais futuramente usadas para novos delitos, o principal deles se passar por outro para viabilizar novos golpes ou mesmo usar um desconhecido como laranja para desviar dinheiro ilícito de outros golpes.
Márcio Andrey Teixeira, membro sênior do IEEE e professor titular do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo), descreve a variação média de tempo que programas específicos usados para descobrir senhas levam para atingir esse objetivo. “Por exemplo, uma sequência de seis caracteres, só com números, pode ser quebrada em questão de segundos. Já uma senha de 12 caracteres alternando número, letras e símbolos pode ficar intacta por alguns anos, mesmo sendo alvo de investidas de força bruta para burlá-la”.