
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil pela manutenção da taxa básica de juros da economia, a Selic, estável em 15% ao ano já era amplamente aguardada pelo mercado. Para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, por mais que haja alívio na inflação de curtíssimo prazo, o IPCA ainda está longe da meta no horizonte relevante. “Vemos espaço para ajuste na Selic em 2026. Entretanto, como estaremos em um ano eleitoral, certamente estaremos sujeitos à pressão por mais gastos e alternativas que estimulem a economia, o que tende a ser um limitador ao tão importante afrouxamento monetário. Nesse cenário, o tão necessário e urgente compromisso com o equilíbrio das contas públicas deverá ficar, mais uma vez, postergado. E nisso reside essencialmente nosso problema: não enfrentar a raiz do desequilíbrio fiscal, que permitiria vislumbrarmos juros estruturalmente mais baixos, segue impondo um preço muito alto. E nós, sociedade e setor setor produtivo, seguimos pagando essa conta”, diz.
O presidente do Sistema FIERGS, Claudio Bier, avalia como equivocada a decisão. Para ele, já existe espaço para iniciar um ciclo de redução ainda no primeiro semestre de 2026, mas isso dependerá de um compromisso mais firme do governo com a responsabilidade fiscal. “Sem uma sinalização real de contenção das despesas e de recomposição das metas fiscais, a política monetária seguirá engessada. Mas também é preciso reconhecer que manter a Selic em 15% não ajuda: segura o crédito, desestimula o investimento e compromete a retomada da atividade”, afirma.
Segundo o presidente da FIERGS, embora a inflação venha recuando, o Banco Central continua reagindo com excesso de cautela, ignorando a deterioração das condições de crédito e os impactos acumulados sobre a indústria gaúcha. “A Selic neste nível é um entrave direto ao desempenho da indústria. Precisamos de um ambiente mais favorável para produzir, inovar e competir. Com juros tão altos, o país anda para trás”, ressalta.