
O impacto da reforma tributária no fluxo de caixa das empresas ainda é desconhecido pela imensa maioria das organizações. Uma pesquisa feita pela Tax Group identificou que apenas 8% das companhias estão preparadas para as mudanças que começam em 2026. O novo sistema, que vai facilitar a retenção de impostos e se propõe a combater a sonegação, foram pauta da reunião-almoço Tá na Mesa, da Federasul, nesta quarta-feira, em Porto Alegre. Diretores de empresas discutiram como a medida deve impactar, especialmente, o fluxo de caixa das companhias. Para o CEO do Tax Group, Luis Wulff, com ele, o modelo de tributação se unifica, provendo reequilíbrio nas operações.
As mudanças na tributação terão início no dia 1º de janeiro de 2026 com o começo da alíquota-teste seletiva de 1% da Contribuição Sobre Bens e Serviços (CBS), e implementado totalmente em 2032. Já o split payment, que fará a retenção do imposto sobre a operação, deve entrar em vigor em 2028, mas já começa a ser construído no próximo ano. E esse impacto é desconhecido das organizações.
“O modelo atual está há 50 anos em funcionamento mas tudo mudará nos próximos cinco anos. Ao invés da empresa receber o valor total da transação e calcular posteriormente os tributos devidos, pagando-os ao governo por meio da Darf, o novo sistema fará a retenção automática do imposto no momento exato da transação financeira, o que pode trazer mudanças também ao consumidor final, afirmou Wulff.
Wulff acredita que os processos que se estabelecerão a partir de 2026 vão acabar estimulando um aumento das operações financeiras em dinheiro físico, fugindo das novas taxas imposta pela reforma. “Vai afetar diretamente nas operações com Pix pois toda transação comercial incluirá uma cobrança de26,5% do valor. Uma venda de R$ 100, por exemplo, feita para uma empresa terá a inclusão de R$ 73,50 na conta, e o restante vai para o governo. E isso não apenas no Pix mas com boleto, do TED, cartão de crédito, como de qualquer operação registrada no Banco Central”, comentou ele.
]A diretora financeira das Lojas Lebes, Dulce Consuelo Gobee, que também participou do debate, destacou que a companhia está justamente desenvolvendo um estudo para avaliar como a reforma vai impactar o caixa. “Estamos exatamente neste momento realizando o levantamento destes impactos”, disse ela.
Já o diretor de Controladoria das Lojas Renner S.A., Luciano Teixeira Agliardi, observou que o split payment pode ser positivo mesmo reconhecendo os eventuais impactos no fluxo de caixa. “Acho que ele oferece equidade para o mercado. É uma ferramenta poderosa de combate à sonegação, e para manter um mercado saudável”, afirmou ele.