
Após registrar um vazamento na tarde de quarta-feira, o dique do bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre, recebeu um reforço estrutural com a colocação de argila. O início dos trabalhos ocorreu após visita do prefeito Sebastião Melo, que tratou como “paliativa” a medida.
Cercado por centenas de pessoas que, tensas, acompanhavam a água escorrendo pela parte inferior da estrutura, o prefeito foi questionado sobre o risco de rompimento e de uma nova inundação no bairro que foi um dos mais atingidos no ano passado.
Segundo Melo, apesar dos vazamentos, não há risco de rompimento. “Eu tenho reunião todos os dias com os meteorologistas e me socorro da Defesa Civil do Estado. Nós estamos ainda com muita água no Guaíba, mas não tenho nenhum elemento hidrológico e meteorológico que indique que as águas vão avançar sobre Porto Alegre”, projetou.
Melo também confirmou aos moradores uma informação que, mais cedo, havia anunciado em coletiva de imprensa, de que o trecho restante das obras será executado, mesmo com decisão judicial contrária. “Eu tenho uma decisão tomada e, mesmo se a decisão não for revertida, eu vou mandar fazer a obra. Vou descumprir a decisão (judicial). Quando secar da chuva, eu vou mandar fazer a obra e o juiz que me processe”, afirmou.
Em sua fala, ressaltou que esta é uma decisão tomada por ele enquanto gestor da cidade e, por isso, fará a assinatura da execução das obras para que nenhum servidor ou secretário possa ser responsabilizado. “Eu sou o responsável enquanto prefeito e preciso tomar decisões. Se ele (juiz) pode tomar decisões, eu também posso tomar minhas decisões”, acrescentou.
Conforme a Prefeitura, a decisão judicial desautoriza a demolição de 39 residências que impedem a continuidade dos trabalhos ocorre pela recusa de aproximadamente cinco famílias que, por entenderem que seus imóveis valem mais do que os R$ 200 mil disponibilizados pelo programa Compra Assistida, não chegaram a um acordo com a Administração Municipal.
Em duas oportunidades houve tentativa de cassação através de decisões liminares, que foram indeferidas pelo Judiciário. As decisões foram descritas por Melo como “equivocadas”.
Após as manifestações, a área do dique que estava repleta de moradores foi evacuada pacificamente para que os maquinários executassem o reparo emergencial.