
A semana entre 4 e 8 de agosto será menos intensa em relação à divulgação de indicadores mas, em compensação, terá outros atrativos tensos como o começo do tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump às importações brasileiras, que esta marcado para ter início no dia 6 de agosto. Junto com isso, haverá a temporada de balanços no Brasil com a apresentação dos resultados financeiros do segundo trimestre do ano das empresas com ações listadas na B3.
No exterior, a renúncia de Adriana Kugler à diretoria do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) na última sexta-feira, 1º, deve gerar especulações sobre nomes ligados ao presidente Donald Trump para ocupar o seu lugar. Os investidores vão monitorar se o indicado será mais um membro — além de Christopher Waller e Michelle Bowmann — a ecoar as pressões de Trump por redução imediata da taxa de juros na maior economia do mundo.
“Há risco levantado por analistas, como Mohammad El-Erian (ex-economista-chefe da Pimco e da Allianz), de que Trump possa escolher o próximo presidente do Fed, ocupando o lugar de Kugler mesmo com Powell sendo oficialmente o chair, o que poderia levar à constituição de uma diretoria “sombra” e gerar confusão na condução da política monetária, segundo a percepção dos investidores”, comenta Leandro Manzoni, analista da plataforma Investing.com.
As apostas de corte da taxa de juros para a próxima reunião do Fed, em setembro, ganharam força após os dados decepcionantes do mercado de trabalho de julho — mesmo com o índice PCE de junho, o indicador de inflação preferido do banco central americano, divulgado na última quinta-feira, 31, tendo superado o consenso do mercado.
Além de a criação de vagas de trabalho em julho ter ficado abaixo do esperado, houve revisões para baixo nos números de maio e junho que, somadas, eliminaram 258 mil vagas criadas no período. Essas revisões baixistas enfraquecem o argumento de que o mercado de trabalho segue aquecido e, por isso, as taxas de juros não deveriam ser cortadas. O mercado também estará atento à mudança de discurso de três membros do Fed com postura hawkish, que discursam ao longo da semana.
MERCADO INTERNO
No Brasil, as atenções estarão voltadas, além dos balanços das companhias brasileiras, para a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada na próxima terça-feira, 5. Os números do mercado de trabalho divulgados na quinta-feira, 31, pelo IBGE corroboram o diagnóstico da autoridade monetária de que o mercado de trabalho segue dinâmico, apesar da moderação no crescimento — como mostrou a produção industrial de junho, abaixo do esperado, divulgada na sexta-feira, 1º.
Os investidores vão avaliar se o Copom apresenta algum sinal de alerta caso a atividade desacelere além do projetado, com uma explicação que vá além da menção ao fator de risco de baixa da inflação no balanço de riscos. Outros indicadores importantes da semana são: os Índices de Gerente de Compras (PMIs, na sigla em inglês) composto e de serviços de julho; a balança comercial do Brasil, dos EUA e da China; o índice de preços ao produtor da Zona do Euro e do Brasil; o IGP-DI e o Índice de Commodities do Banco Central do Brasil; e os dados de inflação ao consumidor e ao produtor da China.
Em relação aos balanços, as principais empresas que vão divulgar seus resultados financeiros de abril a junho deste ano são: Petrobras, Embraer, BB Seguridade, Prio, Eletrobras, Suzano, Braskem, Cogna, Minerva, B3, Lojas Renner, Magazine Luiza, C&A, Méliuz, entre outras.