
A Câmara de Porto Alegre aprovou por unanimidade, nesta quarta-feira (18), o projeto de lei que declara o Correio do Povo como patrimônio histórico-cultural de Porto Alegre. A iniciativa do vereador Carlo Carotenuto (Republicanos) reconhece o veículo de comunicação por sua relevância, “que transcende o campo jornalístico e o consolida como parte fundamental da história, da cultura e da identidade do município”.
“Esse projeto surgiu justamente porque eu reconheço a importância do Correio do Povo para a nossa cidade. Há quase 130 anos, o jornal faz parte da história de Porto Alegre, ajudando a construir a nossa cultura, a nossa identidade e a preservar a nossa memória”, declarou Carotenuto.
O vereador ressalta, ainda, que o veículo é um marco para a cidade e para o Estado, com papel fundamental na formação da opinião pública e nos grandes debates que marcaram a história. “Para mim, transformar o Correio do Povo em patrimônio histórico-cultural é uma forma de garantir que toda essa história, essa contribuição e esse legado não se percam.
É uma homenagem mais do que merecida a um veículo que faz parte da vida de muita gente e que segue sendo referência até hoje”, complementou.
130 anos em 2025
Fundado em 1895 por Caldas Júnior, o CP completa 130 anos de história em 2025. É o jornal mais antigo em circulação no Rio Grande do Sul, tendo acompanhado a história do Estado, do país e do mundo ao longo do último século.
O diretor-presidente do jornal, Marcelo Dantas, destacou que a proposta aprovada pelo Legislativo municipal é uma forma de reconhecimento da relevância do jornal. “Entendemos que nosso acervo é único no Estado e no Brasil. Muitas coisas só existem no Correio do Povo, não estão documentadas em nenhum outro lugar”, pontua.
Para o gestor, fazer parte do patrimônio histórico-cultural a Capital também reforça o projeto de digitalização dos acervos de jornais e fotografias, que será lançado neste ano comemorativo. “O acervo do Correio do Povo é a documentação de boa parte da história do gaúcho. Nestes 130 anos de existência, a história do Estado está bem documentada. Para nós, é muito importante. Estamos muito satisfeitos e alegres com esse reconhecimento”, concluiu Dantas.
Segundo o texto aprovado, a inclusão do jornal como patrimônio da cidade assegura que sua história e contribuição sejam preservadas, garantindo que sua influência continue fazendo parte da construção histórica de Porto Alegre.
Mais de 7 milhões de páginas
Publicadas ao longo de quase 130 anos, milhares de edições somam as mais de 7 milhões de páginas armazenadas no acervo do jornal histórico. Além do próprio Correio do Povo, estão preservadas edições da Folha da Manhã, Folha da Tarde e Folha Esportiva — periódicos que integraram o grupo ao longo da sua trajetória.
Desde a primeira edição, capítulos marcantes do Estado, do país e do mundo que foram contados nas páginas do CP, são mantidos em livros divididos por períodos. Um dos responsáveis por manter e manusear o material, Paulo Bittencourt ressalta que é necessário cuidado especial para a conservação. “O espaço é mantido com climatização constante, para evitar variações térmicas bruscas, o que ajuda a conservar os jornais”, explicou.
Graças à ampla documentação, o espaço recebe visitas frequentes, principalmente de instituições e autoridades. “Os jornais mais antigos são os que atraem mais curiosidade. Quando ocorre a visita, temos o hábito de mostrar a edição do dia do nascimento do visitante e o fotografamos com o exemplar”, comentou Bittencourt.
Além dos históricos acontecimentos, uma edição que não foi publicada também tem valor simbólico. Em 20 de setembro de 1972, Dia da Revolução Farroupilha, o Correio do Povo teve uma edição impressa confiscada durante o governo de Emílio Médici. A circulação foi proibida por conta de uma matéria que discutia a liberdade de imprensa. O mesmo aconteceu com a Folha da Manhã. Alguns exemplares foram salvos e hoje fazem parte do acervo.
Por conta de toda essa relevância histórica, um dos principais objetivos do jornal para a celebração de seus 130 anos é a digitalização completa e a disponibilização do acervo ampliando o acesso.