
A taxa de juros no Brasil (taxa Selic) vai permanecer em níveis elevados “por período bastante prolongado” e não está afastada a possibilidade de novas altas com o objetivo de devolver a inflação para o centro da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Esta é a principal orientação que conta na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, e divulgada nesta terça-feira, 23, pela autoridade monetária.
“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, aponta o documento.
A ata que manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006 destaca que o momento ainda “exige cautela” resultante de um ambiente marcado por “elevada incerteza”. “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz a ata.
O Copom ainda mencionou que acompanha a imposição tarifária sobre os produtos brasileiros exportados para os EUA. Segundo os diretores, o cenário é preocupante diante das incertezas ocasionadas pela política econômica norte-americana. “Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”, menciona o documento.

CRÉDITO MAIS CARO
A alta da taxa Selic ajuda a conter a inflação. Isso porque juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econômico. A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
infografia_selic – ArteDJOR
(*) com Agência Brasil