A cobrança de tarifa adicional às importações brasileiras determinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que passam a vigorar a partir desta quarta-feira, 6, deverão ter “impactos setoriais relevantes e impactos agregados ainda incertos a depender de como se encaminharão os próximos passos da negociação e a percepção de risco inerente ao processo”. A informação faz parte da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, realizada na semana passada, e divulgada nesta terça-feira, 5.
No último encontro a taxa básica de juros da economia foi mantida em 15% ao ano. Mesmo assim, o documento faz sinalizações. “O Comitê acompanha com atenção os possíveis impactos sobre a economia real e sobre os ativos financeiros. A avaliação predominante no Comitê é de que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, informou o Banco Central na ata.
A autoridade monetária brasileira aponta o ambiente externo “adverso e incerto” em meio ao tarifaço determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os produtos com origem no Brasil e outros países. O documento destaca que o cenário econômico ainda exige cautela. De acordo com a ata, a interrupção das medidas de aperto monetário depende da constatação de que o atual patamar da Selic é suficiente para “assegurar a convergência da inflação à meta”.
Na semana passada Trump anunciou o aumento para 50% a alíquota sobre protudos brasileiros, exceto aqueles itens que fazem parte de uma listsa de quase 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o IPCA recuou para 0,24%, mesmo com a pressão de alguns alimentos e da conta de energia. Com o resultado, o indicador acumula alta de 5,35% em 12 meses, acima do teto da meta contínua de inflação. No entanto, o IPCA-15 de julho, que funciona como uma prévia da inflação oficial, veio acima das expectativas. O indicador acelerou por causa de preços de energia e de passagens aéreas.

CRÉDITO MAIS CARO
O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflação. Isso porque juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econômico. No último Relatório de Política Monetária, o Banco Central elevou para 2,1% a projeção de crescimento para a economia em 2025. O mercado projeta crescimento um pouco melhor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,23% do PIB em 2025.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
infografia_selic – ArteDJOR
(*) com Agência Brasil