
A Câmara de Porto Alegre deu mais um passo para cassar o vereador Gilvani o Gringo (Republicanos). Nesta quarta-feira, a comissão de Ética do colegiado aprovou por 11 votos a favor e uma abstenção o parecer da relatora Karen Santos (PSol). O documento considera procedente a acusação (e consequente sanção) imputada ao parlamentar.
Agora, o processo segue para análise da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ). Depois disso, a decisão será confirmada (ou não) pelo plenário da Casa. Para isso, será necessário o apoio de 24 dos 35 vereadores.
Antes da deliberação do caso, a defesa de Gringo pediu o adiamento da sessão em virtude de supostos fatos novos que teriam surgido e impactariam na leitura dos fatos. O requerimento foi prontamente recusado pelo presidente Jessé Sangalli (PL), que, respaldado pela procuradoria, o considerou improcedente e deu seguimento aos trabalhos.
Logo na sequência, o vereador em julgamento recebeu a oportunidade de defender-se das acusações. “Me deixa estarrecido que a esquerda e a direta tenham se unido para me prejudicar”. De acordo com Gringo, os documentos anexados no processo foram forjados e deflagram uma organização persecutória. “Isso é um esquema”, enfatizou.
O discurso do parlamentar, porém, não se ateve a contestar a motivação dos colegas. Ele ainda distribuiu denúncias: “a Equatorial, a Aegea, as empresas que gerenciam os postos de saúde… Estamos falando de uma das maiores organizações criminosas do Brasil. Estão entregando os serviços do povo”. Além de apontar para supostos esquemas de corrupção envolvendo as parceirizações, Gringo também atacou frontalmente os vereadores do Novo e o prefeito Sebastião Melo (MDB). Entretanto, o político não fundamentou as suas acusações.
“Há muita coisa que eu não posso falar em respeito à uma imensa investigação do Judiciário”, justificou. O vereador afirmou que há muitas informações em sigilo, mas garante que vai se dedicar a desmascarar essas fraudes daqui para frente. “Eu saio daqui cassado, mas eu não saio morto e nem calado”.
Veja como votou cada vereador
- Presidente Jessé Sangalli (PL) – SIM
- Vice-presidente Aldacir Oliboni (PT) – SIM
- Corregedor Hamilton Sossmeier (Podemos) – SIM
- Relatora Karen Santos (PSol) – SIM
- Alexandre Bublitz (PT) – SIM
- Carlo Carotenuto (Republicanos) – ABSTENÇÃO
- Giovani Culau e Coletivo (PCdoB) – SIM
- Matheus Xavier (PSDB) – SIM
- Marcos Felipi (Cidadania) – SIM
- Mariana Lescano (PP) – SIM
- Rafael Fleck (MDB) – SIM
- Tiago Albrecht (Novo) – SIM
Entenda o caso
O requerimento aponta para “quebra de decoro parlamentar”. A acusação se baseia nas declarações do próprio vereador na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Dmae no dia 29 de setembro de 2025. Convocado como testemunha, o aliado admitiu publicamente ter pago propina à autarquia no passado, além de supostamente manter vínculo com uma empresa que presta serviços ao poder público, o que viola a Lei Orgânica do município. No dia 3 de dezembro, o representante do Simers ainda enviou novas provas para corroborar com a denúncia.
E essa não é a primeira acusação. No começo do ano, o sindicato entrou com outra representação na comissão de Ética por suposto abuso de poder praticado pelo parlamentar. A manifestação se refere ao episódio em que Gringo foi à UPA Moacir Scliar, na zona Norte de Porto Alegre, para “verificar se os profissionais estavam trabalhando”. De acordo com o ofício, a atitude teve como único intuito “angariar capital político”. No final, o processo resultou em advertência.
Próximos passos
Agora, o caso será analisado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Depois disso, o processo será deliberado no plenário da Casa, onde precisa do apoio de 24 dos 35 vereadores. Nos bastidores, entende-se que há vontade política para a cassação. Se confirmada, a cadeira ficará com Professor Tovi (Republicanos), o primeiro suplente e atual secretário de Esporte e Lazer de Porto Alegre.
Fonte: Rodrigo Stolzmann / Correio do Povo
* supervisão Mauren Xavier