
A Comissão Externa sobre Danos Causados pelas Enchentes no RS da Câmara dos Deputados promove, nesta segunda-feira, na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, um seminário em formato híbrido destinado ao tema do desassoreamento dos rios no Rio Grande do Sul, pauta que chamou a atenção depois das históricas inundações no Estado. Reunindo parlamentares, representantes de empresas públicas e privadas, o encontro debate as propostas e alternativas para a retirada de sedimentos, algo que coloca ambos os entes em lados opostos da questão. A comissão é coordenada pelo deputado federal Marcel Van Hattem, que esteve presente na sessão.
“Se o governo não tem recursos, então vamos buscar uma solução, que é privatizar o serviço de dragagem permanente, é o melhor caminho. Temos cinco grandes rios que fluem para o Guaíba e a Lagoa dos Patos, terminando em Rio Grande. É uma freeway de transporte por água e não estamos sabendo explorar, sendo que podíamos aumentar muito as exportações”, disse o presidente da Hidrovias RS, Wilen Manteli. A entidade representa associações como Farsul, Famurs, Fecomércio e Fiergs.
Para ele, demandar à iniciativa privada este processo faria a solução ser potencialmente mais rápida e menos custosa, ainda que uma tarifa pudesse ser negociada para a navegação, sobre a qual parte do valor fosse direcionado para a dragagem. Já o diretor de Relações Institucionais da Portos RS, Sandro Oliveira, salientou que navios ainda não podem circular pelo Guaíba com o calado de 5,18 metros de Porto Alegre a Itapuã, valor considerado seguro para a navegação, em razão do assoreamento, porém os trabalhos caminham em bom termo para isto.
Segundo Oliveira, “nunca antes se fez uma dragagem da forma como está agora”, e que a concessão dos canais, tanto do Porto de Rio Grande, quanto dos demais canais, está em processo de encaminhamento. Conforme ele, em breve deve ser lançada uma nova licitação para a dragagem de mais 12 canais, além dos atuais já concluídos, como Itapuã, e em andamento, a exemplo de Furadinho e Pedras Brancas. Há também mais recursos disponíveis para a manutenção portuária e dos serviços da empresa pública.
“A Portos RS nasceu em 2022. De 2012 a 2022, foram investidos R$ 34 milhões no complexo portuário do Rio Grande do Sul. Em três anos, na Portos já foram investidos mais de R$ 600 milhões. Houve uma virada de chave. Antes, os recursos iam para o caixa único, para pagar outras despesas do governo do Estado. Tínhamos 30 anos de sucateamento do setor portuário, e que estamos resgatando com muito trabalho”, comentou o diretor, que também convidou parlamentares e demais representantes para visitar a área portuária no sul gaúcho, a fim de conhecer as soluções desenvolvidas pela Portos RS no local.
Felipe Faleiro/CP