
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) começou, nesta terça-feira (4), a definir a taxa básica de juros. Nas expectativas de especialistas do mercado, o órgão deve manter a Selic em 15%. Enquanto o grupo toma a decisão, analistas buscam sinais sobre quando pode começar o ciclo de cortes da taxa de juros, que está desde junho deste ano no mesmo patamar.
Segundo o economista Miguel Daoud, o valor da atual taxa de juros parece injustificável com uma inflação estabilizada como a encontrada no país. Em entrevista ao Conexão Record News desta terça-feira (4), ele compara os altos valores estabelecidos pelo BC aos cobrados em mercados paralelos, como na agiotagem. “Quando nós olhamos a inflação de longo prazo, ela não justifica essa taxa de juros real de 10%, de 15% da taxa Selic. Se você tira a inflação que está correndo em torno de 4,5%, você teria 10,5% de taxa real, isso aí é taxa de agiotagem, é uma taxa muito alta”, comenta.
No entanto, um fator destacado por ele é o crescimento da dívida pública sem uma perspectiva de redução, gerando pressão pelos bancos que fazem empréstimo ao governo. Ele ainda pontua que, por 2026 ser um ano eleitoral, o governo não deve reduzir a dívida, gerando assim uma manutenção de patamares altos na taxa básica de juros.
“Ano que vem a eleição, o deputado quer gastar, quer emenda, tira isso daqui, põe isso acolá. Então infelizmente nós não vamos ter durante algum tempo. O Banco Central pode até reduzir a taxa de juros no começo do ano, mas não vai reduzir uma coisa significativa. Então nós vamos conviver com essas taxas de juros que vão comprimir exatamente a atividade econômica, que é o que já começa a acontecer”, finaliza o economista.
(*) com R7