
Em agosto, a intenção de consumo das famílias gaúchas registrou 50,8 pontos, uma queda de 2,4% em relação a julho e retração de 14,1% frente ao mesmo mês de 2024. Trata-se do menor valor da série histórica, iniciada em janeiro de 2010, confirmando a tendência de enfraquecimento observada nos últimos meses. Os números fazem parte da pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias Gaúchas (ICF-RS), levantamento realizado em Porto Alegre ao longo dos dez dias que antecedem o mês de referência, divulgado pela FecomércioRS e conduzido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Alguns indicadores ligados ao mercado de trabalho e à renda mostraram maior resiliência. O subíndice de Emprego Atual avançou 4,5% na margem, alcançando 80,0 pontos, porém este movimento reflete mais uma estabilidade do que aumento efetivo da segurança percebida relacionada ao emprego. Já a Situação de Renda Atual permaneceu estável frente a julho, e apresentou leve queda de 0,2% em relação a agosto de 2024. A Perspectiva Profissional, em contrapartida, recuou 9,9% e atingiu 10,7 pontos, menor valor da série histórica, devendo ser interpretada com cautela, pois a ausência de expectativa de melhora profissional não implica necessariamente deterioração, podendo refletir estabilidade.
No campo do consumo, os sinais são mais negativos. O Nível de Consumo Atual recuou 3,9% na margem, atingindo 39,2 pontos — menor valor desde fevereiro de 2017 — e caiu 23,7% na comparação interanual, com 71,1% das famílias relatando estar comprando menos do que no ano anterior. O Momento para a compra de bens duráveis seguiu em trajetória de forte retração, alcançando apenas 7,6 pontos, o menor patamar da série histórica iniciada em 2010, com 96,1% dos entrevistados avaliando ser um mau momento para adquirir esse tipo de bem. A Perspectiva de Consumo também diminuiu, chegando a 54,4 pontos, queda de 5,8% frente a julho e de 24,7% em relação a agosto de 2024, com 55,5% das famílias esperando reduzir seus gastos nos próximos meses. Já o Acesso a Crédito ficou em 79,0 pontos, com recuo de 5,4% em relação a julho, mas alta de 2,1% frente a agosto de 2024; apesar dessa melhora interanual, o subíndice permanece no campo do pessimismo.
“O resultado de agosto renovou a mínima histórica do indicador e reflete a forte cautela das famílias nas suas intenções de consumo. Embora o mercado de trabalho siga sustentando a renda, o espaço para avanços adicionais é bastante limitado, o que se soma a um cenário de crédito mais caro e com maior restrição, reforçando a leitura de um quadro com maior moderação do consumo à frente.”, avaliou Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS.