
Em julho, a Intenção de Consumo das Famílias Gaúchas (ICF-RS) registrou 52,1 pontos, queda de 2,3% em relação a junho e retração de 9,6% em comparação ao mesmo mês de 2024. Trata-se do menor valor da série histórica, iniciada em janeiro de 2010, confirmando a tendência de enfraquecimento observada nos últimos meses. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 1º, pela Fecomércio-RS em levantamento realizado em Porto Alegre ao longo dos dez dias que antecedem o mês de referência, e conduzido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
Alguns componentes, no entanto, seguiram direção oposta. As percepções sobre emprego (+1,7%), renda (+2,4%) e perspectiva profissional (+4,9%) avançaram na margem. No caso do emprego, a leitura é mais de estabilidade do que de aumento da segurança. Já a renda, embora tenha melhorado frente ao mês anterior, ainda mostra recuo de 0,2% em relação a julho de 2024. Dados da PNAD, por sua vez, apontam aumento real de 1,0% no rendimento médio do trabalho no estado. A perspectiva profissional, mesmo em alta, permanece em nível historicamente baixo (11,9 pontos) e deve ser interpretada com cautela: a ausência de expectativa de melhora não implica, necessariamente, deterioração adicional.
No campo do consumo, os sinais são mais negativos. A avaliação do momento para a compra de bens duráveis caiu para 9,1 pontos, mínima da série histórica. A perspectiva de consumo (57,7 pontos) também recuou na margem e na comparação interanual, com 52,9% dos entrevistados esperando consumir menos no segundo semestre. A percepção sobre o acesso ao crédito piorou em relação a junho, mas ainda se mantém acima do registrado um ano atrás, período em que vigoravam taxas de juros mais baixas.
“O ICF mostra um panorama em que as pessoas têm uma percepção pior da situação do que os dados conjunturais demonstram. Essa percepção acaba se refletindo na confiança dos indivíduos, afetando o apetite por consumo e desafiando lojistas a serem ainda mais criativos na atração de clientes”, avaliou Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS