
As famílias que ainda vivem às margens do Dique do Sarandi, na zona Norte de Porto Alegre, enfrentam um drama em relação ao futuro das novas moradias. Desde fevereiro deste ano, elas acompanham a demolição de residências vizinhas em razão do avanço das obras no sistema de proteção contra as cheias, realizadas pela prefeitura. No total, para continuidade desta segunda etapa dos trabalhos, cinquenta e sete famílias integraram a lista para desocupação.
Para Jenifer Procópio, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens, que acompanha a situação desde que foram notificados, em dezembro de 2024, a prefeitura não apresentou um plano de remoção adequado.
Com o avanço das obras do dique, Jenifer argumenta que a ação da prefeitura não é compatível com a burocracia enfrentada pelas pessoas que aguardam pelos programas de assistência, entre eles, o Compra Assistida, iniciativa do Governo Federal para beneficiar as famílias com um imóvel no valor de duzentos mil reais.
Entre os casos, Solange, de quarenta e cinco anos, que há quarenta vive no Sarandi. Ela contou que ainda não conseguiu finalizar o contrato do Compra Assistida. Segundo Solange, o novo imóvel não passou na última vistoria e, desta forma, os trâmites devem retornar ao início. Nessa segunda-feira, quando o maquinário da prefeitura já estava ao lado da casa dela, a moradora ainda não tinha um lugar definido para ir.
De acordo com o último levantamento realizado pelo Departamento Municipal de Habitação, das sete famílias que permaneciam no local até a última semana, três já realizaram a mudança. Entre as quatro famílias que continuam na área, três têm previsão de mudança para os dias dois e três de julho, conforme acordado com as equipes técnicas do Demhab. A última família será acolhida nas Casas Modulares, uma alternativa habitacional disponibilizada pela Prefeitura de Porto Alegre quando não há outra opção de moradia.
A previsão é de que a segunda fase das obras dure ao menos duas semanas. Na sequência, o Dmae dará início à execução do projeto geotécnico de recomposição da estrutura, que consiste na retirada do material inadequado acumulado ao longo dos anos e na reconstrução do dique por meio da compactação de camadas de argila, ao longo de 300 metros. Com isso, será atingida a cota de 5,8 metros de proteção.
Um terceiro trecho do dique, com mais de dois quilômetros de extensão, precisa passar pelo mesmo processo. O início das obras, neste caso, depende do acolhimento de mais de 500 famílias.