
Mesmo com a desaceleração recente da inflação — o IPCA caiu de 4,87% para 4,46% entre novembro de 2024 e novembro de 2025 —, o índice ainda encerra o ano acima da meta de 3% perseguida pelo Banco Central. O cenário reflete um mercado de trabalho aquecido, demanda resiliente e itens que continuam subindo mais que a média geral.
Segundo Maria Giulia Figueiredo, analista de research da Rico, “a desinflação de 2025 não elimina a pressão sobre o orçamento das famílias. No fim do ano, categorias sensíveis à demanda e ao câmbio aceleram novamente, fazendo com que o consumidor sinta que tudo continua mais caro.”
O levantamento da Rico analisou seis itens típicos da ceia — filé mignon, bacalhau, queijo, vinho, frutas e leite condensado — em três janelas: 5 anos (2020–2025), 2 anos (nov/23–nov/25) e últimos 12 meses (nov/24–nov/25).
Principais destaques do estudo
Acumulado em 5 anos (2020–2025) e 2 anos (nov/23–nov/25)
| Itens | Acumulado em 5 anos (2020-2025) | Acumulado 2 anos (nov/23 – nov/25) |
| IPCA | 38,70% | 9,55% |
| Frutas | 93,08% | 14,64% |
| Filé-mignon | 11,24% | 13,80% |
| Bacalhau | 48,20% | 18,41% |
| Leite condensado | 55,54% | 10,24% |
| Queijo | 56,37% | 3,93% |
| Vinho | 29,98% | 6,81% |
| Cesta ceia de Natal | 49,57% | 11,71% |
“As frutas foram o grande motor da alta no longo prazo, reflexo de choques climáticos, logística mais cara e sazonalidade. Laticínios também pesaram, enquanto o bacalhau se destacou entre os importados pela sensibilidade ao câmbio”, explica Maria Giulia.
Acumulado em 12 meses (nov/24–nov/25)
| Itens | Acumulado último ano (nov/24 – nov/25) |
| IPCA | 4,46% |
| Frutas | -0,60% |
| Filé-mignon | 4,97% |
| Bacalhau | 17,60% |
| Leite condensado | 2,36% |
| Queijo | 1,92% |
| Vinho | 16,36% |
| Cesta ceia de Natal | 7,07% |
A analista destaca que, “no último ano, o peso veio dos itens importados. Mesmo com a valorização do real ao longo de 2025, o câmbio ainda pressiona produtos sazonais como bacalhau e vinhos. Já as frutas recuaram pela primeira vez, com melhora de oferta e frete menos pressionado.”
Com a alta acumulada, uma família que gastava R$ 1.000 com a ceia há cinco anos hoje desembolsaria R$ 1.495,70, segundo a simulação do estudo. Além da ceia, o estudo também analisou categorias relacionadas ao comportamento típico do fim de ano — presentes, encontros familiares, deslocamentos e viagens — que, juntas, formam grande parte das despesas de dezembro.
Presentes (2020–2025)
| Itens | Acumulado em 5 anos (2020-2025) | Acumulado 2 anos (nov/23 – nov/25) | Acumulado último ano (nov/24 – nov/25) |
| IPCA | 38,70% | 9,55% | 4,46% |
| Roupas | 40,36% | 6,82% | 5,14% |
| Perfume | 36,07% | 6,49% | -0,76% |
| Brinquedo | 19,07% | -1,69% | 1,76% |
| Flores naturais | 60,60% | 16,43% | 1,45% |
Deslocamentos
| Itens | Acumulado em 5 anos (2020-2025) | Acumulado 2 anos (nov/23 – nov/25) | Acumulado 1 ano (nov/24 – nov/25) |
| IPCA | 38,70% | 9,55% | 4,46% |
| Passagem aérea | 32,00% | -18,89% | 0,13% |
| Transporte por aplicativo | 98,45% | 57,38% | 65,57% |
Segundo Maria Giulia, “mesmo com a desinflação, serviços como transporte por aplicativo seguem muito pressionados, seja por demanda alta ou custos operacionais. Para quem viaja para encontrar a família, isso se reflete imediatamente no orçamento.”