
Equipes das empresas contratadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) iniciaram nesta terça-feira, 12, os trabalhos de demolição de casas das vilas Tio Zeca e Areia, no bairro Farrapos, na zona Norte de Porto Alegre. A realocação das famílias é necessária para a retomada das obras das alças ainda não finalizadas da Nova Ponte do Guaíba.
A área a ser demolida foi dividida em 16 lotes. Dois deles, o 1 e o 2, que compreendem a localidade chamada de vila Voluntários, foi por onde iniciou os trabalhos de retirada das residências. Até o final da tarde, 16 casas haviam sido derrubadas com auxílio de uma máquina retroescavadeira.
Apesar disso, equipes aguardavam que algumas famílias finalizassem a desmontagem de algumas placas de madeira e chapas de telhado para retomarem a demolição. A previsão é que todo o serviço de realocação das famílias seja finalizado até dezembro deste ano.
De acordo com o Departamento Municipal de Habitação (Demhab) de Porto Alegre, 93 famílias residiam nos lotes 1 e 2. Destas, apenas três ainda não haviam saído de suas casas, mas já estão elegíveis para o programa Compra Assistida, da Caixa Econômica Federal.
Em todos os 16 lotes, o Demhab contabilizou um total de 828 casas, através de levantamento topográfico aéreo. Cerca de 300 imóveis de toda a região já foram desocupados. Ainda de acordo com o Dnit, a ponte está 90% concluída, restando ainda a construção de três alças de acesso, além de outros serviços de sinalização e acabamento.
Auxílio para moradias
Em abril, a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou projeto de lei que criou um auxílio em dinheiro para permitir que as famílias que vivem na área onde será construída a quinta das oito alças da nova ponte do Guaíba possam morar em outro lugar até receberem moradias definitivas.
O repasse – de R$ 1 mil por família durante até 24 meses, que poderão ser prorrogados – deve ser feito pelo governo do Estado. A ideia é fortalecer a capacidade da cidade e do Estado de se desenvolverem, através da conclusão da obra viária, e, ao mesmo tempo, garantir a proteção dos moradores, já atingidos pela enchente do ano passado.
A área por onde começou a desocupação é próximo do trecho da rua Voluntários da Pátria onde, recentemente, cargas despencaram. No dia 22 de julho, um caminhão-cegonha tombou e uma caminhonete despencou de altura superior a 20 metros. Já em 11 de junho, outra carreta tombou na ponte nova do Guaíba, e a carga que transportava despencou, quase atingindo as moradias demolidas nesta terça-feira.
“Sentimento de vitória”
Segundo um dos líderes comunitários das vilas Tio Zeca e Areia, Rodrigo Ourives, reforçou que as casas que foram derrubadas são de famílias que já receberam um novo imóvel ou que estão em processo avançado para receber um através do Compra Assistida. Ele mesmo já foi um destes contemplados e aponta um sentimento de vitória por conta da mudança de vida.
“Algumas destas famílias vão assinar o contrato com a Caixa nesta semana e outras ainda aguardam a vistoria. As que ainda estão aqui não terão suas casas destruídas. Tenho um sentimento de vitória, pois essa luta nossa é de antes da pandemia e de antes da enchente. Vivemos aqui com muita miséria, muitas vulnerabilidade e conseguimos sair para um lugar melhor. Agora é que essas pessoas terão uma moradia digna”, afirmou.
Fonte: Rodrigo Thiel / Correio do Povo