
Enfrentando um ano difícil na atividade agropecuária, seja em razão de fenômenos climáticos, como a estiagem que castigou o Rio Grande do Sul nos primeiros meses de 2025, seja em razão dos problemas decorrentes do endividamento do setor, produtores gaúchos têm a esperança de sair da 48ª Expointer com o ânimo mais elevado. O maior encontro do agronegócio do Estado tem início previsto para o dia 30 de agosto, com encerramento no dia 7 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ainda que considere a próxima edição da feira como a “Expointer do Desafio”, em referência à situação financeiro e adequação às transformações ambientais, o titular da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Edivilson Brum, está entre os que confiam na elevação da moral dos agropecuaristas a partir do período de nove dias de realização do evento.
“A Expointer sempre ajuda. Movimenta os negócios e, mesmo aqueles que estão com problemas de alongamento das dívidas, vão participar. Dá uma melhorada na autoestima de todos os produtores”, afirma o secretário.
Avaliação semelhante é apresentada pelo diretor administrativo e coordenador da Comissão de Exposições e Feiras da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong. “A Expointer tem uma força de recuperação, que é do Rio Grande. Ela tem essa grande magnitude, de se transformar numa festa e oferecer um aspecto positivo que dá ânimo para os produtores”, diz. O dirigente considera que o endividamento não terá grande peso no evento, com a pecuária e o setor de máquinas vivendo um momento de recuperação. Schardong atribui parte do otimismo à presença de produtores de outros estados, que devem contribuir, no seu entender, na movimentação dos negócios.
A enóloga Gisele Scopel, administradora da Vinhos de Seu Zé, agroindústria localizada em Vila Secal, no interior de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, igualmente compartilha as boas esperanças manifestadas por Brum e Schardong. Conduzindo o empreendimento fundado em outubro de 2024 e filha do proprietário, José Scopel (o Zé), Gisele comemora que a empresa tenha sido aceita para ser expositora no Pavilhão da Agricultura Familiar e prevê, com segurança, que a participação deverá proporcionar crescimento na carteira de clientes.
“É uma vitrine muito boa. Estamos começando agora. Esperamos aumentar o número de clientes”, afirma.
Gisele está entre os 456 empreendedores que ocuparão um dos espaços mais disputados pelo público visitante. O número supera em 10,41% os 413 expositores do ano passado e equivale à representação de 196 municípios do Estado na feira. Em 2024, o pavilhão movimentou R$ 11 milhões com o comércio de queijos, embutidos, laticínios, pães, cucas, doces, geleias, mel, pescados, produtos da cana-de-açúcar, farinhas, vinhos, cachaças, sucos, frutas desidratadas, ovos, licores, erva-mate, grãos e cervejas artesanais. Uma vantagem da Expointer 2025 em relação à edição anterior será o pleno retorno do transporte por meio da Trensurb, principalmente para os visitantes com partida desde Porto Alegre. Em 2024, com estações da Capital destruídas pela enchente, era preciso fazer o trajeto desde o Centro da cidade por meio de ônibus, com transbordo para o trem na estação Mathias Velho, em Canoas. Na última quarta-feira, 9, a empresa anunciou que, durante o período da Expointer, haverá a retomada de operações em toda a linha, da estação Mercado (em Porto Alegre) a Novo Hamburgo, durante todo o horário de funcionamento do sistema, das 5h às 23h.
Promovida pela Seapi, a Expointer tem como copromotores Farsul, Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs), Prefeitura Municipal de Esteio, Federação Brasileira das Associações de Animais de Raça (Febrac) e Associação Brasileira de Criadores da Cavalo Crioulo (ABCCC).
Contando a partir deste domingo, 13 de julho, faltam 47 dias para que o Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre, abra seus portões ao público visitante da 48ª Expointer, no dia 30 de agosto. Os preparativos para o evento, no entanto, estão em andamento. A cada ano, é preciso adequar o parque para receber as centenas de milhares de pessoas (662 mil, em 2024) atraídas por uma das mais importantes feiras agropecuárias da América Latina. Subsecretária do parque desde junho 2022 e às vésperas da quarta edição da Expointer com o local sob seu comando, Elizabeth Obino Cirne-Lima desloca-se pelos 141 hectares que administra com notável tranquilidade diante de tanta coisa por fazer.
Para 2025, uma das tarefas mais importantes diz respeito à rede elétrica, incluindo fiação e equipamentos. Serão retirados os fios de condutos subterrâneos e elevados em postes. A medida se revelou muito necessária desde a enchente de abril e maio de 2024, quando as águas do Rio do Sinos encobriram o parque, ameaçando até mesmo a realização da feira. Além dos fios, equipamentos antes instalados rés-do-chão estão sendo colocados metros acima, afastados de eventual nova inundação. Elizabeth salienta que a distribuição dos aparelhos será menos concentrada, permitindo o controle por áreas menores. Com isso, uma central elétrica localizada nas proximidades da Casa do Correio do Povo será desativada. No local, operários trabalham na construção de um restaurante com cortes especiais de carne.
Outro plano, mais ambicioso, diz respeito à reforma dos pisos de quatro pavilhões – Internacional, de Produtos, Serviços e Artesanato, de Gado de Corte e Ovinos e de Gado Leiteiro. No total, são 29 mil metros quadrados de superfície a serem substituídos, o equivalente a 64% da área de 45,3 mil metros quadrados de pavilhões cobertos do parque. O projeto envolve a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), responsável pela manutenção e adequações de boa parte da estrutura do local.
O diretor administrativo e coordenador da Comissão de Exposições e Feiras da Farsul, Francisco Schardong, no entanto, afirma que a ação não será realizada para a 48ª Expointer. O dirigente relembra que uma parcela da pavimentação foi revitalizada por ocasião do 9ª Mundial Braford, realizado no final de abril. “Vamos dar um retoque e melhorar calçadas ao redor do pavilhão de bovinos”, acrescenta.
Elizabeth espera conseguir ampliar o número de vagas de estacionamento, hoje em 10 mil, para até 14 mil vaga. No ano passado, a intenção foi prejudicada pela umidade do solo, encharcado com a inundação. A subsecretária tem a seu favor a conquista, pelo governo do Estado, de permissão de uso de uma área situada na margem oposta do Arroio Esteio, que delimita o parque, onde poderão ser implantadas mais mil vagas.
Poti Silveira Campos/CP