
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) concluiu o laudo do acidente em que um caminhão carregado com serragem tombou sobre um carro e soterrou a motorista, Eduarda Rosa Corrêa, de 23 anos, na BR 448, em Porto Alegre. Segundo a investigação, a carreta estava sem tacógrafo. O resultado da análise foi divulgado nessa terça-feira, uma semana após o acidente.
Devido ao fato do caminhão circular sem tacógrafo, a velocidade deste antes do tombamento não pôde ser determinada. O caminhoneiro foi autuado por guiar sem equipamento obrigatório, recebendo multa de R$ 195.
De acordo com a PRF, os dois veículos trafegavam no mesmo sentido, sendo o caminhão na faixa da esquerda e o automóvel na da direita. O acidente ocorreu na alça de acesso da BR 448, que é caracterizada por um aclive com curvas sucessivas em formato de “S”.
Na segunda curva, o motorista do caminhão perdeu o controle do veículo e tombou para a direita, sobre o automóvel. A carga de serragem que era transportada foi derramada sobre a pista e soterrou a motorista do carro, que acabou ficando sob a carroceria do caminhão e o material.
Após a análise das câmeras da concessionária da rodovia, que não flagraram o momento do acidente, a PRF verificou que a motorista do carro ultrapassou o caminhão pouco antes de acessar a alça de acesso, tendo ido para a faixa da direita. Já na alça, o motorista do caminhão mudou para a faixa da esquerda.
A condutora ficou presa nas ferragens, sendo necessária a atuação conjunta do Corpo de Bombeiros e da equipe médica da concessionária da rodovia, que trabalharam por cerca de duas horas para a retirada segura da vítima. Ela e o motorista do caminhão foram encaminhados ao hospital, com lesões.
O homem realizou o teste do bafômetro, que resultou negativo para a presença de álcool. Devido ao seu estado de saúde, a motorista do carro não foi submetida ao exame.
A PRF confeccionou um Laudo Pericial de Sinistro de Trânsito e fez o registo da ocorrência. Entretanto, de acordo com a Polícia Civil, um inquérito só será aberto caso a vítima, Eduarda Corrêa, faça solicitação formal.
O delito constatado foi lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. “Para a instauração de um procedimento policial, é preciso que a vítima formalmente faça essa solicitação. A jovem acabou de sair do hospital e, além disso, tem casamento marcado em breve. Legalmente, ela tem seis meses para representar, ou seja, solicitar que um procedimento policial seja aberto. Aguardamos a decisão dela”, explicou a delegada Roberta Bertoldo.
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Jovem recebe alta do hospital
Eduarda Corrêa recebeu alta na noite dessa segunda-feira, após ficar quase uma semana internada em Porto Alegre. A estudante de biomedicina foi para Canoas, na Região Metropolitana onde mora com o noivo Gabriel Zanettin.
De acordo com o professor Jamur Silveira, pai da jovem, Eduarda ainda sente algumas dores no corpo, mas passa bem e seguirá em casa nos próximos dias. Ele também confirmou que o casamento dos noivos permanece mercado para o dia 1º de novembro, em Farroupilha, na Serra gaúcha. “Ela consegue caminhar e também se alimenta normalmente. A recuperação dela está indo bem”, disse.
Desde a última quarta-feira, Eduarda permanecia no Hospital Nora Teixeira, no complexo da Santa Casa. Antes disso, na terça, dia do acidente, ficou na emergência do Hospital Cristo Redentor.
Mesmo hospitalizada, Duda, como é chamada por amigos e familiares, enviou à reportagem mensagens de áudio na última sexta-feira. Na ocasião, reconheceu o trabalho dos profissionais que atuaram na ocorrência.
“Agradeço aos bombeiros, policiais e médicos. O trabalho deles foi um dos vários motivos que me fizeram sobreviver. Eles se revezaram para segurar minha mão e, assim, me deixaram o mais calma possível. Ninguém me soltou em nenhum momento”, relembrou.
Também destacou o apoio do noivo Gabriel Zanettin e dos pais no processo de recuperação. “Estou bem e agradeço todas as pessoas que enviaram energias positivas e dedicaram um pouquinho do tempo delas para pensar em mim. Isso fez bastante diferença, com certeza. Ainda não entendi direito o que ocorreu, vou levar um tempo para processar tudo isso. Estou viva, não sei como.”
Por fim, refletiu sobre o acidente. “Sei que tudo será visto com calma, mas fico pensando: a que ponto vale a imprudência para chegar um minuto mais cedo? Será que vale a vida de outra pessoa? Hoje estou aqui, mas a história poderia ter sido diferente. Sou grata por ter sobrevivido e por estar bem.”
Na data do ocorrido, Duda havia deixado o companheiro na Arena do Grêmio, onde ele trabalha na área de comunicação e design gráfico. Depois, seguiu de carro à Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e fez uma prova. Após o exame, guiava rumo a Nova Santa Rita, onde vivem os pais e a irmã dela, quando um caminhão carregado com serragem tombou sobre o veículo que ela guiava.
Fonte: Correio do Povo