
O mercado passou a semana bastante dividido quanto à manutenção ou alta para 15% da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Tinha argumentos tanto para manter quanto para subir. “Eu entendo que a alta foi um tom bastante positivo. Eles já deixam aqui uma sinalização dos próximos passos de uma interrupção do processo de aumento de juros. Se tudo continuar como está, eles vão parar de subir juros e fazer uma pausa. Eles não falam de um encerramento de ciclo, mas entendo que de fato é isso sim”, comenta Marcelo Bolzan, planejador financeiro CFP e sócio da The Hill Capital.
Para ele, a taxa deverá permanecer em 15% até o final do ano, mesmo o Banco Central deixando em aberto. “Acredito que é um fechamento realmente com chave de ouro. Os diretores do Banco Central poderiam já ter parado de subir juros até porque o mercado estava dividido. A decisão mostra que os integrantes do Copom estão sim comprometidos em fazer essa inflação convergir. A gente deve ter uma queda dos juros futuros na sexta-feira por eles terem sido mais duros, mais hawkish nesse momento atual”, comenta Bolzan.
Na sexta-feira, 20, conforme o analista, a Bolsa pode sofrer um pouco porque a decisão acaba tendo impacto para a renda variável de uma forma geral. Para Ricardo Pompermaier, estrategista-chefe da Davos Investimentos, o Banco Central optou por um movimento mais conservador em meio à desaceleração da atividade econômica e à melhora de alguns indicadores de curto prazo, inclusive o câmbio, que tem colaborado para manter a inflação mais controlada.
“O comunicado sinaliza uma pausa daqui para frente, com manutenção da taxa em patamar elevado por um período prolongado. Ao mesmo tempo, deixou claro que não hesitará em retomar as altas caso as expectativas de inflação voltem a subir”, diz.
Pompermaier comenta que a escolha de apertar ainda mais a política monetária, mesmo com uma conjuntura mais benigna no curto prazo, busca reforçar a credibilidade da autoridade monetária. “É uma decisão que mira, acima de tudo, a ancoragem das expectativas e a preservação do regime de metas, diante de um cenário fiscal ainda frágil e de incertezas persistentes”.