
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul desencadeou nesta segunda-feira a Operação Aurora, mirando um grupo criminoso que traficava medicamentos e fornecia orientações para a pratica de abortos. Além do território gaúcho, as diligências também ocorrem na Paraíba, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, e no Distrito Federal.
De acordo com apuração policial, os suspeitos tinham uma rede especializada no tráfico de medicamentos controlados, com destaque para o Cytotec (Misoprostol), substância utilizada ilegalmente para a prática de aborto. Além disso, também ofereciam orientações sobre o modo de administração do fármaco durante o procedimento abortivo.
A investigação começou a partir do aborto realizado por um casal em Guaíba, na Região Metrópole, em 2 de abril. Na data, a gestante chegou ao hospital com dores muito fortes, resultando na morte de dois fetos. Ela informou aos médicos que havia ingerido o químico misoprostol, após compra na internet. Ainda revelou que teria contratado os serviços de assessoramento técnico no momento do aborto, o que seria feito através de chamada de vídeo com uma suposta “profissional”.
A paciente disse também que, ao ter certeza da gravidez, passou a fazer pesquisas na rede TikTok sobre aborto e gestação indesejada, entrando em contato com pessoas que garantiram poder “ajudá-la com segurança” a interromper a gestação.
“Havia uma tabela de preços do medicamento misoprostol, em que também constava o número de comprimidos necessários de acordo com a quantidade de semanas de gravidez”, afirmou a delegada Karoline Calegari, titular de Guaíba.
Segundo Karoline Calegaria, a gestante foi adicionada em um grupo de WhatsApp intitulado”Sinta-se acolhida”, com descrição que sugeria um espaço para compartilhar experiências do procedimento, incentivando outras mulheres e advertindo que detalhes do aborto não deveriam ser publicados.
“A gestante então adquiriu o procedimento e agendou a data para o procedimento com sua “doutora”, passando a agir conforme lhe era orientado. Em dado momento, durante o processo, não suportando as dores, a grávida procurou atendimento médico”, pontuou a delegada de Guaíba.
Foram identificados os administradores do grupo de WhatsApp, do qual mais de 250 mulheres faziam parte.
Fonte: Correio do Povo