
Uma célula da facção Os Manos é alvo do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) nesta sexta-feira em oito cidades gaúchas. São cumpridos 29 mandados de prisão preventiva, 49 ordens de busca e apreensão, 14 sequestros de veículos de luxo e 16 suspensões da atividade econômica de empresas usadas para lavagem de dinheiro, além do bloqueio de R$ 6,2 milhões em 39 contas bancárias.
Mais de 145 policiais fazem diligências em Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom, Portão, São Sebastião do Caí, Taquara e Montenegro. O objetivo é desarticular o núcleo financeiro do grupo criminoso, enfraquecendo o fluxo de recursos ilícitos e capacidade operacional dos traficantes.
A ação decorre da prisão, em janeiro de 2024, de um indivíduo identificado como liderança regional da maior organização criminosa atuante no RS. Com o avanço das investigações, o DEIC atuou de forma integrada em duas frentes. A Delegacia de Capturas (DECAP) concentrou-se na apuração relacionada à organização criminosa, identificando sua estrutura, divisão de funções, hierarquia interna e áreas de atuação. Paralelamente, a Delegacia de Lavagem de Dinheiro das Organizações Criminosas (DRLD-OC) desenvolveu investigação voltada ao núcleo financeiro dos mesmos investigados, identificando mecanismos de lavagem de capitais, ocultação de bens, movimentações bancárias incompatíveis e utilização de terceiros para administrar e dissimular patrimônio.
O conjunto de elementos colhidos pelas duas delegacias permitiu à Polícia Civil demonstrar a existência de um esquema estruturado destinado a sustentar financeiramente as ações da facção, bem como a reinvestir recursos ilícitos provenientes de atividades como tráfico de drogas e delitos violentos. Diante das evidências apresentadas, o Poder Judiciário deferiu prisões preventivas, mandados de busca e apreensão, além de medidas patrimoniais, incluindo sequestro de bens móveis e imóveis e bloqueio de contas bancárias.
A operação impactou diretamente a capacidade financeira e operacional da célula, interrompendo fluxos de recursos ilícitos e restringindo a movimentação patrimonial do grupo investigado. A medida integra a estratégia institucional de combate ao crime organizado, que prioriza não apenas a responsabilização de executores de delitos violentos, mas também a neutralização da estrutura econômica que sustenta a atuação das organizações criminosas.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul reforça seu compromisso com a repressão qualificada ao crime organizado, por meio de investigações complexas, integração entre unidades especializadas e ações coordenadas voltadas à preservação da ordem pública e à proteção da sociedade gaúcha.
O Delegado de Polícia Gabriel Casanova, titular da Delegacia de Capturas – DECAP, ressalta que “a captura dessa liderança foi determinante para revelar outros integrantes da célula e permitir que suas prisões fossem decretadas. A atuação da Polícia Civil visa, além da captura das lideranças, a identificação de outros integrantes da organização criminosa, com a prisão destes, a asfixia financeira da organização, bem como a manutenção desses indivíduos na prisão, medidas essenciais no combate a essas facções.”
O Delegado de Polícia, João Paulo de Abreu, Diretor do DEIC, destaca a qualidade do trabalho de investigação criminal conduzido pelas especializadas e, especialmente, o alinhamento e a união de esforços junto ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, das Varas Criminais de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro, do TJRS.
Ainda, que a operação também contou com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim), que é uma iniciativa da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), por meio da Diretoria De Operações Integradas e de Inteligência (Diopi).
Fonte: Correio do Povo