Treinador qua mais comandou jogos do Inter, Abel Braga foi apresentado neste domingo (30), após cerca de quatro anos desde o último trabalho na casamata colorada. Na sua oitava passagem, Abelão tem 340 partidas oficiais sob o escudo do clube. Em sua chegada, o técnico foi taxativo: “tenho convicção que não vai cair”.

Em coletiva de quase uma hora, Abel destacou, em mais de uma vez, a confiança na permanência na Série A do Brasileirão. Para ele, o caminho para cumprir o objetivo passa por melhorar o anímico dos jogadores. “Precisamos de uma equipe confiante. Uma equipe de verdade. Aquela que joga em qualquer lugar do mesmo jeito. Tenho muita convicção de que o Inter será muito forte na quarta-feira”, afirmou. Para o jogo diante do São Paulo ele, inclusive, adiantou que Aguirre será seu titular: “Ele é o único confirmado no time. Errou, mas quem nunca errou? Passei confiança a ele. Ficou contente.”
Outro atleta alvo dos elogios de Abel foi Borré, com quem disse ter tido longa conversa e que o admira, assim como o futebol colombiano. Apesar disso, o treinador não falou se o centroavante será titular em seu time. Abel também indicou que montará um esquema para deixar Alan Patrick com facilidades para jogar. “Lá no Rio, eu fiz pressão para ele ir para a Seleção. Se tem um cara aqui que tem condições de fazer os outros caras jogarem é o Alan. Se a defesa está frágil e perdem gols na frente, ele fica sobrecarregado. Mas não queremos deixar ninguém com sobrecarga”, declarou.

Além da convicção na permanência do Inter, outro ponto suscitado por Abel para seu retorno é pagar uma “dívida com o Inter”. Ele revelou que, em 2016, foi chamado para ajudar o clube a escapar do rebaixamento e, por uma decisão “lógica” declinou ao convite, mesmo tendo certeza na queda do time. “É uma mancha que tenho no meu coração. O Inter caiu e isso me marcou. Voltei pois acho que podemos reverter a situação e quero apagar essa mancha do meu coração.”
Ainda sobre o retorno de Abel, o presidente Alessandro Barcellos afirmou que o técnico, por iniciativa própria pediu para não receber salários. “Pediu um contrato sem sem remuneração. Foi uma decisão e exigência dele. Isso engrandece ainda mais a história dele no Inter,” disse o mandatário colorado.
D’alessandro
Diretor Esportivo do Inter, D’alessandro foi quem fez o primeiro contato com Abel. Segundo o treinador, ao receber a ligação do ex-camisa 10, pediu alguns minutos e, logo, retornou com a resposta positiva. Abelão ainda elogiou D’ale durante a coletiva de apresentação, o que emocionou o argentino: “O D’Ale parece uma formiguinha, está em todo lugar do campo. Ele merece ser o ídolo que é.”
São Paulo: primeiro desafio
Para o jogo diante do São Paulo, além da titularidade de Aguirre, Abel afirmou que já prepara mudanças. Sem tempo para trabalho, no primeiro treinamento, neste domingo, o profissional focou em passar aos jogadores sua ideia de tática e disse ter ficado impressionado com a capacidade dos atletas em assimilar seus pensamentos táticos. Com o objetivo de potencializar o pouco tempo para trabalhar, o Inter mudou a logística para o confronto contra o Tricolor Paulista – que ocorrerá em Santos. A viagem, anteiiormente marcada para a terça-feira (02/12), foi antecipada para a segunda-feira (01/12).
Polêmica
Fato que chamou atençao na coletiva de apresentação, foi um comentário, com teor homofóbico, que revelou em diálogo com D’alessandro. “‘Eu falei: não quero po*** do meu time treinando de camisa rosa, parece time de viado’. Ele (D’alessandro) falou: ‘já falei que tem de tirar essa camisa ae'”. Ironicamente, ou não, em uma das únicas três vitórias coloradas em casa no segundo turno do Brasileirão, o Inter usou um uniforme rosa, em alusão ao Outubro Rosa, reconhecida campanha de conscientização sobre o câncer de mama. A partida foi contra o Botafogo, em 4 de outubro, uma vitória por 2 a 0. Após isso, no Beira-Rio, o Inter venceu apenas o Sport pelo mesmo placar, em 19 do mesmo mês. Desde então, o Colorado não vence em casa.
Em publicação nas redes sociais, Abel reconheceu o erro e pediu desculpas pelo comentário. “Colorados e coloradas, em primeiro lugar reconheço que não fiz uma colocação boa sobre a cor rosa durante a minha coletiva. Antes que isso se prolifere, peço desculpas. Cores não definem gêneros. O que define é caráter. O Internacional precisa de paz e muito trabalho. Vamo, vamo Inter!”.