
A semana econômica terá como foco a reação do Congresso Nacional à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente a bancada identificada com suas propostas. Na pauta da casa legislativa aguardam a aprovação o Orçamento Federal de 2026 e outras medidas provisórias da área econômica, a indicação de dois nomes para a diretoria do Banco Central e de Jorge Messias para assumir a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), após Luís Roberto Barroso anunciar sua aposentadoria antecipada da Corte.
No terreno dos indicadores econômicos brasileiros, em meio à ausência de um cronograma de divulgação dos dados nos EUA, afetados pela paralisação de 43 dias do governo americano. Serão apresentados números do mercado de trabalho, do setor externo, do mercado de crédito e fiscais no período, além da prévia da inflação ao consumidor de novembro e de falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento da Itaú Asset Management.
A segunda-feira, 24, será mais esvaziada, com apenas o tradicional Boletim Focus. As últimas edições do documento de consulta do Banco Central aos economistas de mercado têm trazido melhores projeções para o IPCA de 2025. A versão mais recente apresentou, pela primeira vez em vários meses, uma estimativa de inflação ao consumidor abaixo do teto da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual acima do centro da meta de 3% ao ano. As projeções do IPCA para 2027, quando o Copom monitora para decidir a taxa de juros, estão há duas semanas estagnadas em 3,8%.
No dia seguinte, 25, o Banco Central divulga os dados do setor externo de outubro. Há preocupação no mercado com o crescente déficit em transações correntes, que atingiu 3,61% do PIB em setembro, no acumulado de 12 meses, totalizando US$ 78,9 bilhões. Apesar de o Brasil ter uma condição histórico-estrutural de déficit recorrente em transações correntes, seu financiamento saudável tem que ser feito pelo ingresso de Investimentos Diretos no País (IDP).
No acumulado dos 12 meses encerrados em setembro, o IDP somou US$ 75,8 bilhões – abaixo do valor do déficit em transações correntes -, o que obriga o país a fechar as contas externas com capitais voláteis, que tendem a exigir prêmios mais altos para permanecer no país. “O alívio momentâneo é que, nos últimos dados mensais, o IDP tem apresentado valores superiores aos déficits em transações correntes. Em setembro, o déficit foi de US$ 9,8 bilhões, enquanto o IDP registrou ingresso de US$ 10,7 bilhões”, comenta Leandro Manzoni, analista da plataforma Investing.com.
INDICADORES
Ainda na terça-feira, os EUA divulgam os números da inflação ao produtor e das vendas no varejo de setembro. Já a Conference Board apresenta o índice de confiança do consumidor de novembro. Na quarta-feira, 26, o Banco Central divulga os números do mercado de crédito de outubro no Brasil, e o IBGE apresenta a prévia da inflação ao consumidor de novembro. A perspectiva é de continuidade da queda no IPCA-15, conforme registrado em outubro, bem distante da alta de 0,62% observada em novembro do ano passado.
Ainda no mesmo dia, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) divulga o Livro Bege, que é o compilado de informações sobre atividade econômica, mercado de trabalho, inflação e ambiente de negócios produzido pelas 12 unidades regionais do banco central americano.
Na quinta-feira, 27, feriado de Ação de Graças nos EUA, a liquidez nos mercados acionários será menor. No Brasil, haverá a divulgação da inflação do aluguel — o IGP-M — pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também está agendada a reunião mensal do Conselho Monetário Nacional (CMN), que pode ter atenção maior do que o habitual em meio à liquidação do Banco Master.
Na sexta-feira, 28, os indicadores econômicos brasileiros estarão no centro das atenções do mercado local, com as bolsas americanas operando até as 13h (de Brasília), em razão do feriado de Ação de Graças. O Banco Central divulga os dados consolidados do setor público, enquanto o IBGE apresenta os números da PNAD Contínua — taxa de desemprego e massa salarial — do trimestre encerrado em outubro. À tarde, será a vez de o Ministério do Trabalho divulgar os números de postos de trabalho com carteira assinada criados no mês passado. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) libera a bandeira tarifária do mês de dezembro, o que poderá impactar o indicador inflacionário do mês.