
Os juros elevados têm impactado diretamente o crédito de veículos. Com a manutenção, pelo Banco Central, da taxa Selic em 15% — maior patamar desde 2006 —, o total de recursos liberados nos nove primeiros meses do ano foi de R$ 202,3 bilhões, pouco mais de 1% acima do concedido no ano passado (R$ 200,09 bilhões), de acordo com o Balanço do Terceiro Trimestre da ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras). O terceiro trimestre de 2024 cresceu 32,2% em relação ao mesmo período de 2023.
Embora o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) continue sendo a modalidade mais procurada, respondendo por quase a totalidade dos recursos (R$ 200,8 bilhões), foi o leasing que apresentou maior elevação, no total de recursos liberados. Nesses nove meses, o Leasing cresceu 42,3%, passando de R$ 1 milhão em 2024 para R$ 1,5 milhão em 2025.
Já o saldo total da carteira está em R$ 525,2 bilhões, o que corresponde a um aumento de 13,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando atingiu, em setembro, R$ 470,6 bilhões. A inadimplência acima de 90 dias na modalidade CDC para pessoa física cresceu para 6,7%. Até setembro de 2024, estava em 5,5%. Entre pessoas jurídicas, subiu de 2,9% para 3,2%.
Para Enilson Sales, presidente da ANEF, embora a inadimplência e os juros elevados continuem pressionando o crédito, o mercado começa a enxergar sinais de estabilização. “A manutenção das taxas em patamar alto pode indicar que o pior já passou e que os próximos meses trarão um ambiente mais previsível”, diz.
Mas Sales alerta: “Para o consumidor, é preciso ressaltar que o crédito poderá continuar escasso”. O Marco Legal das Garantias, sancionado em 2023, buscava facilitar o acesso ao crédito, tornando a recuperação de bens mais rápida e barata. Com a recente decisão do STJ (Supremo Tribunal de Justiça), que vetou a busca e apreensão pelo Detran, a execução extrajudicial de veículos continuará a ser conduzida apenas pelos cartórios. “A medida pode impactar o ritmo de retomada de bens e o custo operacional das instituições financeiras”, afirma o presidente da ANEF.
VENDAS
As vendas à vista de automóveis no terceiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2024, voltaram a ser majoritárias, passando de 50% para 52%. Em contrapartida, os financiamentos caíram de 46% para 44%. A participação do consórcio nas vendas permaneceu em 4%.
Também se compraram mais caminhões e ônibus à vista: o índice subiu de 25% para 41%. As vendas financiadas caíram oito pontos percentuais, passando de 40% para 32%. O Finame seguiu em queda, 31% para 19% de participação. O leasing aumentou 1% e o consórcio foi de 4% para 7%.No segmento de duas rodas, as vendas à vista subiram de 31% para 36%; as financiadas caíram de 37% para 32%; e o consórcio manteve 32% de participação nas vendas até setembro de 2025.