Começou na manhã desta quinta-feira a demolição dos dois casarões históricos destruídos por um incêndio na semana passada na rua Marechal Floriano Peixoto, no Centro Histórico de Porto Alegre. Os trabalhos, com custo superior de R$ 300 mil, pagos pelo proprietário, são acompanhados pela Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) e Defesa Civil Municipal. A previsão é concluir a demolição e limpeza do terreno em até 20 dias, porém as fachadas devem ser totalmente destruídas ainda entre esta quinta e sexta-feira.
O conjunto de edifícios era datado do ano de 1884, e não eram tombados pelo patrimônio histórico. Desde o incêndio, parte da Praça XV, em frente, está bloqueada. A previsão, segundo o titular da Smoi, André Flores, é liberar totalmente o tráfego de pedestres e veículos também até esta sexta, porém o perímetro isolado pode ser reduzido à medida que a demolição avança. para reforço da segurança, tapumes estão sendo instalados. “Lamentamos muito esta situação, na realidade, porque são prédios muito bonitos, davam um charme todo especial para o Centro de Porto Alegre”, disse Flores. No térreo dos prédios, funcionavam duas lojas, um bazar e outra de calçados, que foram destruídos pelas chamas.
O processo inicial da destruição dos restos dos edifícios envolve o uso de marteletes e marretas na parte mais alta, com trabalhadores em plataformas elevatórias, e, em seguida, o auxílio de uma retroescavadeira para as partes internas. “Isto é feito justamente para termos segurança de que não vai puxar as paredes laterais dos outros prédios, e também das pessoas do entorno”, acrescentou o secretário. Também desde o incêndio, os dois edifícios das laterais, o Phênix e o Praça XV, estão interditados e inacessíveis, algo que tem gerado frustração nos trabalhadores destes locais.
Revolta de trabalhadores
A advogada Simone Costa Silva, que trabalha no 10º andar do Praça XV, localizado à direita dos casarões incendiados, afirmou que todos foram informados de que deveriam estar no começo da manhã desta quinta no local, pois haveria a liberação parcial, algo que não ocorreu, com nova previsão de liberação do acesso a partir das 15h. “Estamos revoltados, porque a rua é mais importante do que as pessoas que trabalham no prédio. A prioridade não é as pessoas pegarem carteiras, documentos, celulares, medicamentos. A prioridade está sendo eles demolirem duas lojas que pegaram fogo e liberarem a rua”, disse ela, salientando haver muitos colegas que não conseguem trabalhar desde a semana passada.
Questionado, o diretor-geral da Defesa Civil Municipal, coronel Evaldo Rodrigues de Oliveira Júnior, disse que o laudo técnico do Praça XV foi recebido às 7h30min pelo órgão, sugerindo que houvesse uma desinterdição parcial, e que o assunto está em análise pelos técnicos da Prefeitura, com previsão de conclusão até às 12h. Ainda segundo ele, o Praça XV apresentou uma flexão da laje entre o 12º e 13º andares, que já foi tratada.
“Quando há um incêndio, a primeira preocupação é com a estabilidade estrutural, mas também há com as instalações elétricas, elevadores eletromecânicos, desplacamento de reboco e gesso, que não necessariamente pode matar, mas ferir”, disse o secretário-adjunto da Smoi, Rogério Baú. Já o Phênix, à esquerda dos casarões, foi menos afetado, com o laudo técnico também afastando risco para a estrutura, mas ele não é conclusivo para liberação total, já que há outros perigos, conforme a Defesa Civil. “A liberação total vai ocorrer na medida da velocidade de ação das empresas contratadas pelos condomínios”, disse o coronel Evaldo.
O incêndio começou na tarde do último dia 5, com rescaldo pelo Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS) até a manhã do dia seguinte. O combate às chamas foi dificultado, em parte, pela ausência de autoescada mecânica nas guarnições de Porto Alegre devido a uma manutenção, fazendo com que fosse demandado um segundo equipamento de Caxias do Sul, atrasando o processo em quatro horas, ao menos, assim como a presença de bancos e esferas de concreto, removidas por populares. Houve somente danos materiais e não houve feridos graves, mas ao menos 20 pessoas precisaram receber atendimento médico, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Fonte: Felipe Faleiro/Correio do Povo