
Sem acordo entre os negociadores — após debates intensos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento —, a COP30 decidiu adiar a definição dos temas que serão discutidos na conferência sobre mudanças climáticas em Belém.
A expectativa inicial era de que a agenda fosse fechada na quarta-feira (12), mas a data foi transferida para o próximo sábado (15), por uma decisão da própria presidência da COP30. Até lá, quatro pontos de negociação continuam estagnados. Os demais temas, que passam de 100, foram alinhados entre países logo no primeiro dia, e seguem em negociação.
“As partes têm discutido tão abertamente, tão construtivamente sobre os quatro assuntos que decidimos colocar sob a coordenação da presidência, que pediram para continuar as discussões”, justificou o presidente da COP30, André Corrêa do Lago.
Entre os temas ainda em aberto, destaca-se a proposta que pretende tornar obrigatório o financiamento de ações climáticas por países ricos em favor dos países em desenvolvimento. A medida é defendida pelo Brasil, mas a ideia de obrigatoriedade gera resistência entre outras nações.
Outro tópico sem acordo é a discussão das metas individuais de países para reduzir emissões e se adaptarem às mudanças climáticas, as chamadas de NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas, na sigla em inglês).
Os outros dois pontos envolvem um relatório de transparência que deve ser enviado por países a cada dois anos e medidas unilaterais de comércio.
A falta de consenso sobre o financiamento e as NDCs acendeu um alerta entre organizações. Mesmo em um cenário otimista, elas acreditam que será preciso mais tempo para que os países cheguem a um acordo. Pela regra, todas as decisões da COP30 precisam ser tomadas por unanimidade, com o aval de todos os países participantes.
“Precisamos que a presidência da COP30 impulsione esse processo e transforme a abertura em um objetivo ambicioso esta semana. O imperativo climático no âmbito internacional exige isso”, avalia o diretor-adjunto do Greenpeace Internacional, Jasper Inventor.