
A terça-feira, 11, no mercado financeiro será marcada por dois tópicos relevantes para o mercado financeiro. É o caso da inflação oficial do país, o IPCA, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga pela manhã. Antes disso, o Banco Central libera o conteúdo da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu pela manutenção da taxa de juros – Taxa Selic – em 15% ao ano em encontro realizado na semana passada.
A expectativa dos analistas é que o IPCA mantenha a trajetória descendente na reta final de 2025. O dado, que será divulgado na terça-feira, 11, deve apresentar desaceleração em relação à alta de 0,48% registrada em setembro. Analistas consideram provável um avanço entre 0,11% e 0,15% no mês. A moderação do índice deve refletir a queda nos preços de energia elétrica, após o fim do impacto da retirada do “bônus de Itaipu”, além do rebaixamento da bandeira tarifária vermelha 2 para 1. A deflação em alimentos deve continuar.
Entretanto, o foco dos investidores estará nos núcleos e na inflação de serviços subjacentes, considerados pelo Copom um dos principais riscos de alta no nível de preços. A economista Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, prevê aceleração moderada dos serviços subjacentes, de 0,03% em setembro para 0,26% em outubro, com pressão em alimentação fora do domicílio e despesas pessoais.
No mesmo dia da divulgação do IPCA, o Banco Central publica a ata da última reunião do Copom, que manteve a Selic em 15% ao ano. “Os economistas vão avaliar possíveis mudanças no trecho que menciona as taxas de juros em patamares elevados por período prolongado e a manutenção da “porta aberta” para novas altas”, argumenta Leandro Manzoni, da plataforma Investing.com.
Para Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, o tom do comunicado veio hawkish, mais duro, surpreendendo. “Na verdade, ele seguiu a mesma linha do último comunicado, só que como nós tínhamos uma expectativa que ele já sinalizaria uma possível mudança de rota no futuro, ele não fez isso. Então, no meu entendimento, ele manteve o tom duro da ata quando todo mundo já estava imaginando uma sinalização um pouco mais tranquila”, diz ele.
Na opinião de Bolzan, a novidade é a confirmação do comunicação de que a inflação está arrefecendo mas ainda ela continua acima da meta. “Foi um dos pequenos ajustes que foram feitos da última comunicação para essa. “Para os próximos passos, ficou claro aqui certamente mais uma manutenção da taxa de juros em 15% ao ano na reunião de dezembro”, comenta.
“Ficou claro que não existe possibilidade de o Copom já começar a derrubar os juros nesse ano. E acredito que também não teria nem como. Quando a gente olha os principais indicadores econômicos, a inflação está acima do teto da meta, e a situação econômica do país não está ruim. Temos um mercado aquecido. A atividade está desacelerando, mas o PIB vai crescer 2% esse ano, não é um PIB ruim”.
Para ele, o desemprego está baixíssimo, patamares de 5,6%, é um dos menores patamares de toda a série histórica. Então, a economia, de uma forma geral, não está ruim, isso muito em função do fiscal, o que dificulta a queda da inflação. “Então, enquanto essa inflação não cair mais, eu acho que não faz sentido cortar os juros, e por isso que eu acho que nesse momento não daria para baixar os juros ainda”.