
O recuo da inflação e a desaceleração da economia fizeram o Banco Central (BC) não mexer nos juros. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Taxa Selic, juros básicos da economia, em 15% ao ano. A decisão era esperada pelo mercado financeiro. Para analistas do mercado os sinais para os próximos meses já podem ser percebidos.
Para Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, o tom do comunicado veio hawkish, mais duro, surpreendendo. “Na verdade, ele seguiu a mesma linha do último comunicado, só que como nós tínhamos uma expectativa que ele já sinalizaria uma possível mudança de rota no futuro, ele não fez isso. Então, no meu entendimento, ele manteve o tom duro da ata quando todo mundo já estava imaginando uma sinalização um pouco mais tranquila”, diz ele.
Na opinião de Bolzan, a novidade é a confirmação do comunicação de que a inflação está arrefecendo mas ainda ela continua acima da meta. “Foi um dos pequenos ajustes que foram feitos da última comunicação para essa. “Para os próximos passos, ficou claro aqui certamente mais uma manutenção da taxa de juros em 15% ao ano na reunião de dezembro”, comenta.
“Ficou claro que não existe possibilidade de o Copom já começar a derrubar os juros nesse ano. E acredito que também não teria nem como. Quando a gente olha os principais indicadores econômicos, a inflação está acima do teto da meta, e a situação econômica do país não está ruim. Temos um mercado aquecido. A atividade está desacelerando, mas o PIB vai crescer 2% esse ano, não é um PIB ruim”.
Para ele, o desemprego está baixíssimo, patamares de 5,6%, é um dos menores patamares de toda a série histórica. Então, a economia, de uma forma geral, não está ruim, isso muito em função do fiscal, o que dificulta a queda da inflação. “Então, enquanto essa inflação não cair mais, eu acho que não faz sentido cortar os juros, e por isso que eu acho que nesse momento não daria para baixar os juros ainda”.