
O Rio Grande do Sul terá, pela primeira vez, uma escola pública voltada à formação do audiovisual e da economia criativa. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, dia 5, na Escola Estadual Professora Maria Thereza, em Porto Alegre, onde será construído um centro para formação técnica e profissional em áreas da indústria criativa, incluindo produção cultural, multimídia e produção de áudio e vídeo. A chamada Criatec – Escola Técnica em Audiovisual e Economia Criativa oferecerá três cursos: Técnico em Áudio e Vídeo, Técnico em Multimídia e Técnico em Produção Cultural, em projeto desenvolvido pela secretarias estaduais de Cultura e Educação.
Os cursos irão atender públicos diversos: concomitantemente para alunos de Ensino Médio de outras instituições de ensino que poderão fazer o curso no contraturno, e aos que já têm o diploma mas que buscam formação profissional para inserção no mercado de trabalho. Os ambientes de aprendizagem irão contemplar laboratório de informática, estúdio de produção audiovisual, laboratório de captação de vídeo, ilhas de edição, biblioteca, sala de aula padrão e sala de recursos para atendimento especializado.
A Secretaria estadual da Educação deverá, dentro do plano de ocupação, também oferecer oportunidades de qualificação em economia criativa e audiovisual. Ainda que as obras comecem apenas no ano que vem, encontros de formação já começam neste ano, como um encontro para debater ferramentas de qualificação de experiência audiovisual no ambiente educacional e imersão em estratégias narrativas visuais.
O projeto conta com a colaboração de instituições parceiras, entre elas o Instituto Estadual de Cinema (Iecine), a Unesco, a Unisinos, a Fundacine e a Fundação Itaú, além de consultorias de Marta Porto e Aletéia Selonk. O projeto arquitetônico será feito em parceria com a Unesco, e gente futuramente haverá contratação, é, da reforma efetivamente da escola.
O valor de investimento terá dois montantes: para a compra de equipamentos e para a construção de estúdio de produção de vídeo, e para a reforma do espaço da escola. O valor ainda está sendo estimado com as secretarias. O objetivo é de que, a partir do próximo ano, já se iniciem as qualificações profissionais enquanto o espaço está em desenvolvimento, e que a reforma seja concluída até 2027, com a abertura dos cursos técnicos. A ideia é que, pelo menos em um primeiro momento, pelo menos 300 matrículas sejam ofertadas.
A iniciativa, de acordo com os representantes da pasta, surge a partir de análises que apontaram a falta de formação técnica voltada às demandas do setor audiovisual no Estado. Ainda, que a escola passou por um processo de especulação imobiliária, esvaziamento de matrículas do ensino fundamental ao longo dos últimos anos, e quase foi fechada.

O secretário estadual de Cultura, Eduardo Loureiro, ressaltou que a iniciativa é resultado do esforço conjunto de duas secretarias, e lembrou que começou com a gestão da ex-secretária, Bia Araujo. Aproveitou para anunciar que a pasta estará aportando cerca de R$ 12 milhões do Fundo de Apoio à Cultura voltado ao audiovisual. Ainda, uma parceria com o Ministério da Cultura, que deverá aportar mais de R$ 48 milhões.
“Estamos preparando e capacitando pessoas para o mercado de trabalho e para enfrentar os desafios da vida. Temos que ressaltar que se trata de uma escola pública, portanto toda a população terá acesso facilitado, e também impulsiona, fortalece e desenvolve a nossa cultura através de um setor que vem crescendo de uma forma excepcional, que é o audiovisual”, afirmou.

A secretária Raquel Teixeira destacou a importância de unir a educação e a cultura, e celebrou a manutenção da escola como pública. “A primeira vitória que a gente tem que comemorar hoje é a vitória da escola pública Gaúcha. Há uma nova linguagem que é pautada por imagem, por som, por tecnologia, por cultura, a gente precisava preencher essa essa lacuna, e resolvemos criar a primeira escola pública de audiovisual e economia criativa do Rio Grande do Sul”.
Representando o setor de economia criativa gaúcha, a cineasta Ana Luiza Azevedo destacou os desafios para incluir técnicos na produção audiovisual sem sair do Rio Grande do Sul, e que a indústria tem se desenvolvido e atraído profissionais, e que será potencializado agora com a criação da escola. “Foi uma notícia muito importante e que vinha ao encontro de toda essa luta de décadas. A gente não vai nunca conseguir ter uma uma atividade inclusiva e criar oportunidades para quem está no ensino médio, se a gente não pensar nesses cursos para antes de poderem fazer uma faculdade”, afirmou.
Fonte: Correio do Povo