
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começa, na manhã desta terça-feira, 4, a sexta reunião deste ano com uma ampla expectativa de manutenção da Taxa Selic em 15% ao ano. Entretanto, o foco de atenção dos investidores estará no comunicado final do encontro, que será divulgado na quarta-feira, após o fechamento do mercado.
Conforme Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1, o cenário prospectivo para a inflação evoluiu favoravelmente desde a última reunião do Comitê. A inflação corrente surpreendeu para baixo, e os núcleos de inflação mostraram desaceleração; os dados de atividade têm confirmado as expectativas de moderação; os dados de mercado de trabalho passaram a mostrar sinais de desaquecimento; e as expectativas de inflação registraram queda adicional nas últimas semanas, inclusive em horizontes mais longos, reduzindo o grau de desancoragem em relação à meta de 3%. “Assim, achamos natural que o comunicado reconheça estas melhoras. E como resultado do progresso observado nas últimas semanas, estimamos que a projeção de IPCA do modelo do Banco Central no horizonte relevante (2º trimestre) cairá de 3.4% para 3.3%”, diz.
Dois pontos específicos do comunicado, no entendimento do analista, que serão analisados com muita atenção pelo mercado são os trechos que fazem referência a manter a taxa de juros no nível atual por período bastante prolongado e que enfatiza que o COPOM não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado. Os dois trechos fazem parte de uma estratégia de comunicação que visa manter um tom hawkish para potencializar ganhos de credibilidade e ajudar a reduzir as expectativas de inflação, algo que de fato tem funcionado.
“Acreditamos que o COPOM tem incentivos para manter esta estratégia até que tenha maior clareza de que a convergência da inflação para o centro da meta está bem encaminhada. Por outro lado, as boas práticas de condução de política monetária recomendam que mudanças de comunicação sejam feitas de forma gradual, conforme os progressos vão se materializando, para preparar os mercados para mudanças que provavelmente serão implementadas conforme o cenário base vai se confirmando”, diz.
Outra possibilidade, segundo Cezario, seria suavizar a referência temporal da manutenção da Taxa Selic, substituindo a expressão “bastante prolongado” por algo como “suficientemente prolongado”. Mudanças nesta direção indicariam que é possível que o COPOM inicie um ciclo de corte de juros em janeiro, mas sem sinalizar que este seria necessariamente o cenário base. “Entretanto, parece mais provável que o COPOM opte por não alterar o trecho “bastante prolongado” por ora, dando preferência em reconhecer os progressos observados desde a última reunião e retirando o alerta de que poderia voltar a subir a Taxa Selic se fosse necessário”, diz ele.