
Teve início nesta segunda-feira o julgamento do casal acusado de matar a filha de um ano e oito meses, em março de 2024, no bairro Agronomia, na zona Leste de Porto Alegre. Eles estão presos preventivamente. A juíza Anna Alice da Rosa Schuh preside o júri, que tem previsão de dois dias.
A vítima, Lia Miriã Domingos Samurio, chegou a ser levada pelos avós à Unidade de Pronto Atendimento da Lomba do Pinheiro. Depois, foi transferida ao Hospital Conceição, onde entrou em coma e acabou morrendo. A causa da morte foi hemorragia encefálica por traumatismo craniano.
O Ministério Público (MPRS) é representado pelas promotoras Lúcia Helena Callegari e Karine Teixeira. De acordo com a denúncia, os réus submeteram a criança a agressões físicas e psicológicas durante quatro meses, culminando em lesões compatíveis com a “Síndrome do Bebê Sacudido”. Ainda segundo a acusação, o laudo necroscópico apontou sinais de tortura, como escoriações e fraturas não tratadas, além de negligência alimentar e de higiene.
Os réus respondem por crimes de homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, contra menor de 14 anos e praticado por ascendentes e, também, tortura em continuidade delitiva. Eles chegaram a ser soltos no início do ano, mas voltaram ao sistema prisional após recurso da promotora Lúcia Helena Callegari.
A advogada Joyce Kieling Pinheiro defende o acusado. A Defensoria Pública representa a ré. O espaço permanece aberto para manifestações.
Serão ouvidas cinco testemunhas de acusação e outras quatro de defesa, além do interrogatório dos réus. Nesta manhã, o pediatra que atendeu a vítima foi o primeiro a ser ouvido. Ele foi arrolado pelo MPRS.
De acordo com o médico, a criança tinha sinais de agressão. O profissional também descartou a hipótese de queda como fator na morte da pequena. “Ela tinha contusão no cérebro. Também havia sinais de traumas prévios, como fraturas nos braços”, disse.