
O cenário de endividamento dos consumidores gaúchos agravou-se em setembro, como demonstram os dados do SPC Brasil, compilados pela Federação Varejista do RS. O Rio Grande do Sul fechou o mês com aumento de 8,53% no volume de inadimplentes em relação a setembro do ano passado e, na variação em relação ao mês anterior, o crescimento foi de 5,96%, muito acima das médias da Região Sul (1.91%) e do País (0,21%).
O quadro também é mais crítico quando considerado o aumento no número de dívidas acumuladas por devedor. Houve crescimento de 17,72% na variação anual e de 6,39% no comparativo com agosto. Em ambos os recortes, o Estado tem índices de endividamento maiores do que os cenários regional e nacional. No mês anterior, o levantamento também apontou um viés de alta, quando a variação percentual no volume de inadimplentes havia quase triplicado em relação ao comparativo de julho.
Segundo o presidente da Federação Varejista do RS, Ivonei Pioner, o alto endividamento da população é um problema com raízes mais profundas sendo, em sua análise, resultado de um modelo econômico que há anos aposta no crescimento sustentado pelo crédito. “Nos últimos três anos, o país vem estimulando o consumo por meio do financiamento e do subsídio, e isso gera um efeito em cadeia, onde o governo se endivida, as empresas se endividam e o consumidor também. É preciso entender que crédito não é poder de compra: poder de compra é o dinheiro que se tem em reserva. Enquanto o modelo for baseado em crédito com juros elevados, a inadimplência tende a permanecer alta”, afirma.
O devedor gaúcho, em setembro, também está mais consolidado do que no mês anterior quando considerado o índice de inadimplência – aquele consumidor que já estava no cadastro do SPC e não saiu, ou saiu e voltou, nos últimos 12 meses. Enquanto em agosto, pouco mais de 15% eram novos no cadastro, em setembro esse volume reduziu para pouco mais de 10%. Houve aumento de 18,04% na reincidência desde setembro de 2024. São 89,43% de reincidentes, a maioria permaneceu no cadastro desde setembro do último ano.
Também há maior dificuldade em pagar as dívidas e recuperar o crédito no Rio Grande do Sul. Houve redução de -16,37% no índice de recuperação em relação a setembro de 2024. Pior do que o verificado na Região Sul (-12,86%) e no País (-9,68%). Ao mesmo tempo em que menos pessoas com dívidas entre 4 e 5 anos reduziram o pagamento do que deviam (-20,18%), quem devia há apenas 90 dias também deixou de pagar em maior volume (-18,98% de recuperação de crédito no período).
O tempo médio para o pagamento de uma dívida no Rio Grande do Sul é de 10,2 meses. Enquanto em setembro, quem pagou dívidas desembolsou em média R$ 4.118,23 – 57,18% até R$ 1.000, a média de valores devidos foi de R$ 5.139,38 por devedor – 42,45% até R$ 1.000.