
Permanecem desconhecidas as razões que levaram a Polícia Penal a abater um drone da Brigada Militar nas proximidades do Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), em Porto Alegre, no dia 7 de setembro. Integrantes das duas instituições afirmam que a tecnologia foi neutralizada por engano, supostamente após uma ordem de manter a exclusividade de imagem no entorno da estrutura à Red Bull, que promove uma descida de skate no local com apoio do governo do Rio Grande do Sul. O Executivo Estadual não confirma a versão.
A derrubada do equipamento ocorreu com uso de um kit antidrone do Grupo de Ações Especiais (GAES). Na ocasião, o dispositivo sobrevoava a região do Acampamento Farroupilha, quando perdeu o sinal e foi parar no topo de um prédio. A máquina acabou ficando inutilizada após a confusão.
Esse drone era avaliado em R$ 50 mil e contava com funções de visão noturna e câmera termal. Além disso, havia sido doado pelo influenciador Whindersson Nunes ao 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM) durante as enchentes de 2024. No ano seguinte, também passou a ser utilizado em diligências contra facções, sendo considerada por PMs, em especial do Setor de Inteligência, como peça-chave no combate ao crime organizado na região da Grande Cruzeiro.
A Brigada Militar diz que não havia sido comunicada sobre qualquer proibição oficial de voos com drone na região. Também segue nebulosa a origem dessa suposta orientação, assim como o motivo da teórica atribuição ter ficado sob a responsabilidade de agentes penitenciários.
De acordo com o secretário da Segurança Pública (SSP), Sandro Caron, um procedimento para esclarecer as circunstâncias do ocorrido foi instaurado. Caron não mencionou a participação dos policiais penais na celeuma, mas garantiu que as ações da BM não serão prejudicadas e que há recursos para a aquisição de outros drones.
“Toda a vez que se danifica um bem do Estado, é instalado um procedimento para averiguar exatamente em que circunstância aquilo aconteceu. A Brigada Militar tem feito essa averiguação, obviamente para constatar o que ocorreu e apontar se houve alguma falha. Temos mais drones e, além disso, dentro dos recursos que foram liberadores recentemente, estamos adquirindo vários outros. É claro que nunca é bom perder um objeto. Isso é um prejuízo ao Estado, mas não é algo que irá prejudicar as nossas ações, pois temos outros equipamentos”, afirmou o titular da SSP.
O Secretário de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), Jorge Pozzobom, também foi contatado, mas não quis falar sobre o assunto. Conforme a pasta, a manifestação oficial segue a mesma da nota enviada na última segunda-feira, quando foi revelado que o abate do drone teve ligação com o evento promovido pela marca de energético em parceria com o governo gaúcho.
O que diz a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo
As forças de segurança do governo do Estado, como as secretarias de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS) e da Segurança Pública (SSP), atuam estrategicamente em grandes eventos, como no Desfile de 7 de Setembro e no Acampamento Farroupilha, para garantir a segurança da população e assegurar a ordem pública. Para isso, são utilizados diversos meios, ferramentas, dispositivos e sistemas, como drones e antidrones, que cobrem todo o perímetro dos eventos monitorados.
O sistema antidrone possui tecnologia capaz de identificar sobrevoo de drones não autorizados. O sistema emite um pulso eletromagnético, que intercepta o equipamento no ar e leva até o solo. A tecnologia não derruba o dispositivo, mas bloqueia o sinal de controle, neutraliza o voo e conduz o drone até um ponto seguro de pouso, garantindo proteção e controle nas operações.
Caso algum episódio tenha, eventualmente, saído do planejamento operacional, será avaliado internamente pela SSPS e SSP, com o devido rigor.
Fonte: Marcel Horowitz / Correio do Povo