Mudança tática escancara mais a pressão sobre o treinador do que soluções para o time do Inter

Depois da água bater na cintura (preciso poupar os leitores, que bem imaginam), passar do peito, do pescoço, deixando somente o nariz de fora, o técnico Roger Machado resolveu tentar nadar, clamar por salva-vidas ou bóias que o tirem desta situação quase irreversível. Para o clássico de domingo, há a expectativa de que Roger utilize um esquema com três zagueiros.
O objetivo é contemplar as qualidades ofensivas de Bernabei, que retorna de suspensão. Mas, no fundo, sabemos que é para estancar o problema crônico às costas do lateral argentino. Com isso, a figura apagada de Vitinho deixa a equipe para o ingresso de Mercado na defesa, entre Vitão e Juninho. Não recheia nem insere um jogador de intensidade no meio, que segue com Maia, Rodríguez e Alan Patrick. Além disso, apenas adianta as figuras dos alas, mas sabemos que, na fase defensiva, fecha-se numa linha de cinco. Ou seja, não me parece resolver problema algum do Inter, que parece muito mais ligado às características de jogo, à insistência em um modelo engessado e a jogadores lentos.
Para além da tentativa desesperada de mudança tática por parte de Roger — se vai dar certo ou não, se é uma boa medida ou não —, o que mais chama a atenção é o timing. Teve sinais antes da parada da Copa do Mundo, não mudou nada e continuou com um jogo previsível, sem mexer em nomes ou esquema, outrora eficientes.
Agora, Roger, em semana de clássico, depois de tanto perder e jogar mal, resolve dar uma resposta prática, já que nos microfones nada adianta. É tarde. Não para o Inter, mas para a própria permanência do treinador. A não ser que uma vitória engane ou dê esperanças.