
Integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) de Porto Alegre ocupam um prédio na rua Andrade Neves, no Centro Histórico da Capital. A ação iniciou na madrugada de domingo, dia 7 de setembro, como parte de um ato organizado em capitais brasileiras. Ao todo, segundo o grupo, 18 imóveis foram ocupados. Em Porto Alegre, a ação ocorre de forma ordeira, com guarnições da Brigada Militar (BM) monitorando a situação.
De acordo com um dos líderes do MLB na ação, Gustavo Ramos, o objetivo é que o prédio apontado como abandonado, que pertence à Sociedade Espírita Allan Kardec (Seak POA), seja transformado em um imóvel de interesse social para moradia popular. Ele explica que o grupo realizou a limpeza do espaço e a criação de espaços como um refeitório para alimentação coletiva e creches para crianças.
“Estamos ocupando um prédio que está há anos abandonado, não cumprindo com nenhuma função social, o que fere a constituição. São famílias sem teto que foram atingidas pelas enchentes. Crianças, jovens, idosos e trabalhadores. Estamos cobrando que ele seja destinado para moradia popular, um espaço onde todos tenham seus direitos garantidos. Existem milhares de prédios abandonados em Porto Alegre como esse que deveriam ser destinados para isso”, afirmou.
Em nota, a Seak POA informou que o prédio estava fechado devido à necessidade de “ampla reforma estrutural”. A entidade cita ainda que o imóvel apresenta riscos à utilização. Além disso, reforça que o imóvel não está abandonado, mas em um processo de negociação para venda. Apesar disso, a Seak POA reforça que reconhece a “relevância das questões sociais” levantadas pelo grupo.
“Essa negociação (venda) é essencial para garantir a continuidade de nossos projetos sociais. Nossa instituição atua há décadas no auxílio a pessoas em situação de vulnerabilidade social. Reconhecemos a relevância das questões sociais levantadas em nossa sociedade e desejamos que tudo se resolva da melhor forma, com diálogo, respeito e paz, para que o bem comum seja sempre o maior propósito”, respondeu em nota.
Na tarde desta segunda-feira, a defensora pública Gizane Mendina Rodrigues, dirigente do Núcleo de Direitos Humanos do órgão, esteve no local para averiguar a situação. Ela informou que integrantes do grupo MLB e Seak POA participarão de uma reunião ainda nesta tarde para tentar um diálogo inicial entre as partes e avaliar a possibilidade de reintegração do imóvel. Por volta das 14h, o Batalhão de Choque da BM chegou a ser acionado para atender a ocorrência, mas logo foi desmobilizado. O deputado estadual Adão Pretto Filho também esteve no local.
Fonte: Correio do Povo