
A Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos realizou a Operação Segredo de Alcova nesta terça-feira, visando desarticular uma associação criminosa que extorquia clientes de motéis em Porto Alegre. Trinta policiais participaram da ofensiva e cumpriram diligências em Eldorado do Sul e Charqueadas. Cinco pessoas foram presas.
De acordo com a Polícia Civil, o esquema criminoso tinha início com a vigilância e o registro fotográfico e em vídeo de veículos na entrada e saída de motéis. De posse dessas imagens, eram utilizadas técnicas de engenharia social e aplicativos para obter dados pessoais das vítimas, como nomes completos, números de telefone e informações sobre seus familiares.
Em um segundo momento, os criminosos se passavam por detetives particulares e contatavam as vítimas através de WhatsApp. Eles então alegavam ter sido contratados pelos respectivos cônjuges para investigar uma suposta traição e ameaçavam expor o material fotográfico aos familiares. Para garantir o silêncio, exigiam pagamentos via Pix. Os valores chegavam a R$ 15 mil por vítima.
De acordo com o delegado titular da especializada, João Vitor Herédia, responsável pela operação, o esquema era coordenado por apenados dentro do Complexo Prisional de Charqueadas. “Identificamos uma clara divisão de tarefas entre os membros do grupo, conectando uma cúmplice externa a um núcleo de criminosos violentos, presos em diferentes unidades prisionais em Charqueadas, que orquestravam a parte técnica e executavam os crimes”, disse.
Uma mulher de 27 anos foi identificada como uma das principais articuladoras dos golpes fora do sistema prisional. Conforme João Vitor Herédia, ela era responsável por fotografar os veículos nas proximidades dos motéis e, posteriormente, contatar as vítimas para exigir os pagamentos.
Ainda segundo o delegado, um detento de 32 anos, recluso em Charqueadas desde 2016, atuava como o coordenador técnico do golpe. O investigado possui uma extensa ficha criminal, com passagens por extorsão, estelionato, homicídio doloso, roubo de veículo e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. De dentro da prisão, ele realizava as consultas de dados dos veículos e de seus proprietários.
Em outra casa prisional, a investigação localizou um núcleo que operava a partir de uma única cela. Três detentos atuavam em conjunto na execução das extorsões. Eles também somam antecedentes por tráfico, roubo, homicídio e outros crimes.
Até o momento, dez vítimas já foram identificadas. O prejuízo financeiro de cada uma delas ultrapassa R$ 10 mil. Já o valor total solicitado pelos criminosos nas ocorrências apuradas supera R$ 21 mil.
“A ação leva o nome de “Segredo de Alcova”, em alusão ao termo utilizado para o quarto ou recanto íntimo de uma casa, muito usado como sinônimo de espaço privado de relações amorosas. A expressão “segredo de alcova” é clássica na literatura e no jornalismo, sempre ligada a segredos íntimos ou revelações”, explicou o delegado João Vitor Herédia.
Correio do Povo