
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do RS (MST) ocupou a Fazenda Rincão de São Brás, também conhecida como Fazenda Barcelos, localizada em Itapuã, em Viamão. A ocupação, que contou com a participação de 130 famílias oriundas de acampamentos do Estado, ocorreu no início da manhã desta segunda-feira. O objetivo da iniciativa é pressionar o processo de aquisição da área pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Ao chegar no local, foram encontrados várias embalagens de agrotóxicos descartadas de forma irregular. O local fica às margens da Lagoa dos Patos, o que configura crime ambiental, conforme a legislação atual, que regula de forma específica o tema dos agrotóxicos no Brasil. O MST solicitou a presença de representantes do Incra no local. A dirigente do Movimento, Carla Camila Marques, informou que a área de 351 hectares foi anunciada para fins de reforma agrária em nível nacional no programa Terra da Gente e indicada ao MST pelo Incra em negociações realizadas no dia 23 de dezembro.
“O MST busca o avanço nas negociações entre a União e o Banco do Brasil e segue na negociação para a liberação das áreas prometidas para novos assentamentos no estado ainda em 2025”, ressaltou. O Programa Terra da Gente, lançado pelo governo federal , estabelece as chamadas “prateleiras de terras”, que mapeiam e organizam diversas formas de obter e destinar áreas para a reforma agrária. Conforme o Incra, a meta do programa é beneficiar 295 mil famílias agricultoras até 2026.
Desse total, 74 mil famílias serão assentadas em novas áreas, e 221 mil serão reconhecidas ou regularizadas em lotes de assentamentos já existentes. No Estado existem cerca de mil famílias acampadas esperando por um assentamento. A dirigente nacional do MST no Estado, Lara Rodrigues, reforça que o principal objetivo do movimento é viabilizar a produção de alimentos saudáveis. “Os assentamentos gaúchos se destacam pela produção de uma grande variedade de alimentos. Além disso, o Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, e essa liderança é impulsionada principalmente pelos assentamentos da reforma agrária”, frisou.
Fonte: Angélica Silveira/Correio do Povo