
A Polícia Civil deflagrou a segunda etapa da Operação Dama de Copas nesta quinta-feira, com objetivo de desarticular um esquema de tráfico e extorsão comandado por um detento e sua companheira em Sapucaia do Sul. As duas fases da ofensiva somam 18 pessoas presas, sendo outras nove consideradas foragidas.
O alvo da ofensiva foi um grupo criminoso que atua nas regiões da Cohab e do Feliz, conhecida como Hortoflorestal. Ali, as investigações apontam que um apenado controla o comércio de dentro do sistema prisional e, fora dos muros, conta com o auxílio de familiares.
O líder da quadrilha, preso na Penitenciária Modulada de Charqueadas, manteve o controle das atividades criminosas por meio de sua companheira, que tem posição estratégica na logística do grupo. Mesmo preso, o criminoso tem controle total sobre as operações na região e, inclusive, acessava meios de comunicação dentro da cadeia.
De acordo com os investigadores, o preso era responsável por recolher valores oriundos do tráfico, gerenciar os responsáveis pela venda das drogas e coordenar a logística da operação. Tudo isso era feito através de celulares que o apenado tinha acesso.
Outro ponto destacado na investigação é o movimento financeiro operado pela esposa do detento, que, entre maio de 2024 e março deste ano, movimentou mais de R$ 1 milhão.
Um dos aspectos que surpreendeu até mesmo os agentes da PC foi a instalação de câmeras de segurança em pontos estratégicos da região da Cohab de Sapucaia do Sul. Os equipamentos, que aparentavam ser de monitoramento público, na verdade tinham como objetivo antecipar as ações policiais e monitorar vendedores de drogas, usuários e até moradores da localidade.
“Os vídeos eram transmitidos em tempo real e acessados diretamente do sistema penitenciário, tanto pelo líder do grupo como na casa da companheira dele”, revelou o titular da 1ª DP de Sapucaia do Sul, delegado Marco Guns.
Guns adicionou que as conversas eram estabelecidas diariamente entre a mulher e seu companheiro preso, demonstrando que o casal tinha controle sobre os passos da população local. Além disso, o delegado adicionou que o preso utilizava chamadas de vídeo para intimidar moradores dos blocos da Cohab de Sapucaia do Sul.
“Ele exigia que os moradores cedessem seus apartamentos para vigilância e armazenamento de drogas, reforçando o domínio da facção sobre o território”, destacou o delegado.
Marcel Horowitz/Correio do Povo