
O Plano Brasil Soberano anunciado pelo governo federal para mitigar os impactos das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, impostas pelos Estados Unidos, embora apoiado por grande parte do sistema produtivo brasileiro, vem aumentando as dúvidas sobre a aplicabilidade de propostas apresentadas. A avaliação é que a proposta apresentada pelo governo requer a validação de pelo menos 20 atos normativos por parte do executivo federal.
Conforme analistas a linha de Crédito de R$ 30 bilhões, mesmo positiva, não oferece no plano um detalhamento sobre a taxa de juros que será aplicada nem o tempo em que esta ajuda terá validade. No que diz respeito ao programa Reintegra, onde grandes e médias empresas passam a contar com até 3,1% de alíquota, e as micro e pequenas, com até 6%, requer um projeto de lei complementar a ser enviada ao Congresso Nacional.
Para a Fecomércio-RS, as medidas anunciadas pelo Governo Federal são bem-vindas como forma de amenizar prejuízos localizados em setores específicos. “Compreendemos que a solução mais efetiva para salvaguardar a economia brasileira é a via diplomática, apostando em um acordo que permita a eliminação ou redução desta tarifa e/ou exclusão do maior número possível de itens desta cobrança”, argumenta a entidade.
A Fecomércio-RS, enquanto representante dos setores do comércio de bens, serviços e turismo, compreende que estes prejuízos serão percebidos, de forma indireta, também pelos seus representados, em especial nas regiões mais dependentes de exportações aos EUA, como Santa Cruz do Sul, Montenegro, Novo Hamburgo/São Leopoldo, Bento Gonçalves, entre outros.”
IMPACTOS
Segundo a Unidade de Estudos Econômicos do Sistema FIERGS, entre os cinco estados que mais exportam para os Estados Unidos, o Rio Grande do Sul foi o que mais teve embarques atingidos pela tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump. Aproximadamente 85% das exportações gaúchas para os Estados Unidos serão taxadas. Entre os ramos industriais, o de armas de fogo é o mais dependente dos EUA, destinando 85,9% de suas vendas ao país. Na sequência, aparecem os transformadores, com 79,3%. Em relação ao emprego, o ramo de calçados de couro, que envia 47,5% de sua produção para os norte-americanos, concentra o maior contingente de trabalhadores: 31,5 mil.