
O Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) destruiu 532 quilos de narcóticos nesta terça-feira, sendo todos apreendidos ao longo do ano em ações contra assassinatos no Rio Grande do Sul. Esta foi a primeira vez que a especializada incinerou drogas. A iniciativa ocorreu em um local isolado, na Região Metropolitana.
Além da Polícia Civil, os esforços ainda somaram Polícia Rodoviária Federal (PRF), Vigilância Sanitária e Ministério Público (MPRS). O prejuízo que a ação gerou ao crime organizado supera R$ 8 milhões.
Um comboio com 30 policiais em viaturas, além do grupo de motociclistas da PRF e do helicóptero da PC, escoltou o trajeto da carga até o local da incineração. Ali, nas chamas de uma fornalha, tijolos de maconha, crack e cocaína, entre outros tipos de entorpecentes foram eliminados.
De acordo com o diretor do DHPP, delegado Mario Souza, a apreensão de ilícitos não é foco da unidade. Todavia, isso acaba ocorrendo em consequência do protocolo das sete medidas contra homicídios, em especial a de número cinco, que prevê operações especiais em áreas onde há crimes letais.
A ideia é promover a repressão seletiva de pessoas e reduzir o lucro das quadrilhas, no caso, as envolvidas em execuções. O método tem origem na teoria da dissuasão focada.
“Nossa prioridade é combater os homicídios. Em outras palavras, apreender drogas é somente uma consequência desse trabalho. Também é fato que isso ocorre durante as operações especiais do protocolo contra homicídios. A intenção é causar dano máximo aos assassinos, o que inclui reduzir o lucro das facções com o tráfico”, afirmou o delegado Mario Souza.
Teoria da dissuasão focada
O criador da técnica foi o criminologista norte-americano David Kennedy. Professor da Universidade de Nova York, ele foi o responsável por aplicar a teoria nos Estados Unidos, tendo como principal exemplo Boston, onde houve redução brusca de homicídios em meados dos anos 1990.
Outro case de sucesso é a Colômbia. No ano passado, após a prática da dissuasão focada, Medellín alcançou o menor nível de violência em 40 anos.
Em solo gaúcho, o Departamento de Homicídios da PC, BM e Polícia Penal são pioneiros na aplicação do método. Ao final do primeiro semestre de 2023, a tática gerou redução de 54,4% dos assassinatos em Porto Alegre.
A cifra foi o menor número do indicador para qualquer mês computado desde 2010, quando teve início a série histórica, o que posicionou a Capital abaixo do índice considerado epidêmico pela Organização Mundial da Saúde (OMS).